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Valeu a pena?

mai 31, 2019

São 48 meses como curador. Em julho de 2015, eu assumia esse cargo, para surpresa daqueles rotarianos que consideravam a curadoria da Fundação Rotária função exclusiva de ex-diretor. A nomeação é complexa e depende de indicação pelo presidente eleito do Rotary International, referendada informalmente pelo chairman entrante da Fundação, e aprovação pelo Conselho Diretor do presidente em exercício do Rotary.

Este é meu último artigo como curador. No próximo mês, estarei em outra seção da Rotary Brasil, desta vez como diretor. Neste momento, um balanço, mesmo que superficial, é devido aos meus leitores. Valeu a pena?

Como dizem em voz baixa pelos corredores da sede do Rotary International, em Evanston, EUA, “o diretor pensa na próxima indicação, o curador na próxima geração”. Tal comentário, porém, não faz justiça ao trabalho insano de um diretor, muito mais pesado em carga horária e problemas cotidianos. Ainda assim, a frase ilumina bem a descrição da função de curador: pensar o futuro da instituição.

Meu passaporte contabiliza 33 viagens aos EUA, a reuniões de comitês, representações nos Institutos da Califórnia, Rio de Janeiro, Romênia, Kobe, no Japão, e Montreal, no Canadá. Perdi a conta das conferências distritais, Seminários de Treinamento de Presidentes Eleitos, Seminários da Fundação Rotária e reuniões de ex-governadores de que participei. Fiz também parte dos comitês de planejamento estratégico (que definiu a missão do Rotary), finanças, auditoria, premiações, grupos globais de relacionamento, jovens líderes, controladoria, Rotaract, programas e investimento (comitê este que tem um pessoal com idioma distinto dos demais mortais…). Como todo bom professor, aprendi mais do que ensinei.

Vi o orçamento da Fundação saltar de 330 milhões para 415 milhões de dólares. Este ano, o número de Subsídios Globais aumentou de 1.165 para mais de 1.400 previstos, elevando o investimento médio de 65 mil para 71 mil dólares. O investimento total, que era de 75 milhões de dólares, alcançou perto de 100 milhões de dólares.

Nos últimos cinco anos, os investimentos no programa de erradicação da pólio somaram 4,3 bilhões de dólares, sendo 643 milhões de dólares do Rotary – incluindo o valor da parceria com a Fundação Bill e Melinda Gates. Neste ano, os casos de pólio surgidos até o momento limitam-se a 18. Espera-se para agosto a declaração da África novamente como continente livre da doença – decorridos três anos do último caso ali detectado.

Nosso plano 2,025 para 2,025, que consiste em atingir mais de 2 bilhões de dólares de fundo permanente para o ano de 2025, prossegue sua marcha, tendo chegado, em março, a mais de 1,3 bilhão de dólares. Novas formas de contribuição de grande porte, como a Sociedade Arch C. Klumph, com mais de mil integrantes pelo mundo, e doações individuais de 1 milhão de dólares, estão se tornando comuns, apontando para um futuro próximo onde os rendimentos de nossos investimentos sustentarão os programas da Fundação, Subsídios Distritais e Globais. Neste ano, uma contribuição individual de 14,7 milhões de dólares feita por um indiano alavancará e inspirará ações semelhantes de rotarianos que acreditam na gestão responsável da Fundação Rotária.

O Brasil, na figura da Associação Brasileira da The Rotary Foundation (ABTRF), também aprende a arrecadar e investir em programas. No ano passado, foram investidos 2,7 milhões de reais em programas de Subsídios Globais pelos distritos brasileiros, uma prova evidente de que “o dinheiro não vai para os gringos” – alegação maldosa ainda frequente em alguns rincões refratários à doação. A captação superou os 4,5 milhões de dólares no ano passado, num momento crítico para a nação e o povo brasileiro, mas um reflexo do bom trabalho de gestão da ABTRF, que tem à frente o diretor 2003-05 do Rotary Luiz Coelho de Oliveira.

Agradeço a todos os rotarianos que me aturaram durante esses quatro anos nesta coluna mensal. Agradeço igualmente o trabalho da ABTRF, dos coordenadores, dos EMGAs (coordenadores de Doações Extraordinárias) e de todos os governadores distritais e presidentes de clube que compraram a ideia da Fundação Rotária e do seu fundador, Arch C. Klumph: fazer o bem no mundo. Obrigado! Valeu!

* O autor é Mário César de Camargo, curador 2015-19 da Fundação Rotária.

Para fazer comentários e sugestões sobre esta coluna, escreva para mario.cesar@graficabandeirantes.com.br

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