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Um tributo a três grandes rotarianos

jan 3, 2019

Pode parecer, na minha suposta objetividade de curador, apresentando números, metas, realizações, programas, planejamento estratégico, planilhas, slides e grá­ficos que permearam meus artigos desde julho de 2015, que esteja desprezando o aspecto de conteúdo e valores da nossa instituição, a Fundação Rotária. E apequenando o passado em favor de uma visão futurista da organização, valorizando sistemas em detrimento de pessoas.

Nada mais longe da verdade. Pessoalmente, creio que uma instituição que despreze seu passado não merece futuro. Além dos ex-curadores e diretores que reconheci em artigos anteriores, há três personagens fulcrais que lançaram a fundação do meu caminho no Rotary: Mário de Camargo, meu pai; Octavio Vallejo, meu padrinho; e Paulo Viriato, meu guru.

Meu pai foi companheiro do Rotary Club de Santo André na década de 1960, e padrinho de Octavio Vallejo, santista da melhor estirpe acolhido em plagas andreenses, governador do 461 em 1983-84. Cinco anos após retornar do Programa de Intercâmbio de Jovens nos Estados Unidos, aos 23 anos de idade e seis meses antes de me casar com Denise, fui admitido pelas mãos de Octavio no mesmo clube de meu pai, o que até hoje é motivo de humor familiar e uma pontinha de ciúmes.

Um grande orgulho do meu falecido pai era ter sido padrinho de dois governadores de distrito.

O terceiro rotariano que destaco foi o último presidente brasileiro do Rotary: Paulo Viriato Corrêa da Costa, nascido em Santos, terra de José Bonifácio de Andrada e Silva, um dos expoentes da história brasileira. Paulo foi um homem à frente de seu tempo, visionário até para os padrões de presidentes mundiais do Rotary.

Há 28 anos, seu lema Valorize Rotary com Fé e Entusiasmo já destrinchava o signi­ficado da palavra grega enthousiazein, que signi­fica “estar inspirado”. Curiosa analogia com o lema do presidente Barry Rassin, Seja a Inspiração. E em seu discurso na Assembleia Internacional, Paulo lançou a ênfase naquele que é o programa Preserve o Planeta Terra, às vezes confundido com seu lema de gestão. Discretamente deslocado para escanteio nas prioridades estratégicas do Rotary, mas com pressão crescente das bases para voltar à primeira página da organização.

Em seu discurso na Assembleia Internacional em San Diego, em 2017, o presidente 2017-18 do Rotary, Ian Riseley, mencionou Paulo como tendo sido um presidente visionário, que há três décadas já vislumbrava a importância da agenda ambiental no mundo moderno. E, sendo um ecologista inveterado, Riseley lançou o programa de plantio de uma árvore por rotariano no período 2017-18, o que foi amplamente adotado.

Em 9 de abril de 2000, véspera da morte de Paulo, visitei-o no hospital. Eu estava à frente do distrito 4420 naquele ano e pedi orientação sobre o Programa de Intercâmbio do Rotary. Um dos maiores rotarianos brasileiros de todos os tempos, Paulo pediu à esposa, Rita, que comesse um sanduíche na lanchonete, e dedicou algumas de suas últimas horas a um assunto do Rotary com seu governador.

Maior dedicação à instituição é impossível imaginar. Que Deus o tenha ao Seu lado.

* O autor é Mário César de Camargo, curador 2015-19 da Fundação Rotária.

Para fazer comentários e sugestões sobre esta coluna, escreva para mario.cesar@graficabandeirantes.com.br

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