ARTIGOS
Um presente para o mundo
Pessoas são dons, presentes que Deus manda embrulhados. Algumas dessas almas especiais são presentes que vêm num embrulho muito bonito. Geralmente são atraentes, chamam a atenção pela beleza da aparência. Outras pessoas vêm em embrulho comum, outras ainda chegam arranhadas pelo correio, de vez em quando com porte registrado. Muitas são fáceis de tirar a embalagem, muitas embalagens por si só já são presentes.
Às vezes o presente não é fácil de abrir, precisamos de ajuda para abri-lo, talvez por medo, insegurança, um ódio improvável… assim, desejamos jogá-lo fora.
Ah, sim, eu também sou uma pessoa, por conseguinte sou um presente, muito mais agora quando o presidente da organização mundial à qual pertenço por mais de seis décadas, o Rotary, pede: “Seja um presente para o mundo”. Pretendo ser também um presente para mim mesmo, antes de tudo!
Preciso descobrir, olhando para dentro, no interior de minha própria embalagem, que talvez não tenha apreciado bem o presente que sou, pode ser também que dentro dela exista algo diferente do que penso.
Eu adoro os presentes que todos que me amam dão para mim. Por que eu não amo ainda mais o presente, a pessoa que sou? A pessoa que foi criada por inspiração. A pergunta que faço é: sou um presente às outras pessoas, estou pronto para ser dado aos outros, sei ser um presente para todos?
As pessoas não ficam contentes somente pela beleza das embalagens, porque cada encontro de pessoas é uma troca de presentes. Vocês já calcularam quantos encontros de pessoas o Rotary proporciona todos os dias?
Portanto, pessoas são dons, recebidos e ofertados. Conviver, palavra mágica que o rotariano pratica, com sua irmã gêmea, a tolerância, causa alegria e transmite vida, na senda do amor.
O presidente Ravi Ravindran pede que sejamos um presente para o mundo, para isso afirma “Quando pessoas que ajudo me perguntam O que devo fazer? respondo, vá e ajude alguém em troca”.
Sabemos que muitos presentes dados ao mundo, incluindo as grandes descobertas científicas, foram outorgados por grandes homens, portanto são dons universais que contribuem para a soma dos conhecimentos humanos. Essas criaturas não são apenas benfeitores de uma nação, mas do mundo. Paul Harris, na década de 20, afirmou: “Ser uma dádiva para o mundo também é a procura da verdade”. Lembra-me Sócrates, ao dirigir-se a Platão: “você é meu amigo, mas a verdade ainda é mais minha amiga”.
Ser um presente para o mundo é também possuir uma fé invencível, um ideal que nos leve bem alto. Se escalarmos uma montanha, veremos pouco a pouco as árvores, os vales, os campos desaparecerem na sombra dos nossos olhos. A noite chega e os pontos luminosos das casas são cada vez mais numerosos. A luz, por mais frágil que possa ser, talvez seja a única coisa que jamais perde o seu grande valor.
A palavra presente deriva do latim PRAESENTIA, que significa alguma coisa que está perto, ao alcance de alguém, portanto de todos os rotarianos de boa vontade.
O presente não pode ser interpretado como dádiva, donativo, brinde, lembrança, mimo, regalo, doação, esmola ou espórtula. Não pode ser também somente afago, agrado, delicadeza, desvelo, finura. O presente que Ravi preconiza está nas profundezas da consciência e no coração do rotariano.
Neste Natal e Ano Novo o rotariano tem a grande oportunidade de ser um grandioso presente para mundo, servindo sempre!
* O autor é Sérgio de Castro, associado ao Rotary Club de São Paulo-Oeste, SP (distrito 4610).