A tarefa de reverter a oitava posição mundial do Brasil em números absolutos de analfabetos
Recentemente, Marilza Mendes começou a fazer e vender bolos. Essa empreitada veio depois que os filhos cresceram. Só havia um detalhe atrapalhando o seu entusiasmo: como anotar os pedidos dos clientes? Eles ligavam e queriam marcar o dia e a hora em que pegariam o bolo, e o sabor desejado. O jeito era pedir aos clientes que viessem à sua casa anotar eles mesmos os pedidos. Afinal, gravar todos na memória estava se revelando tarefa impossível.

Marilza nasceu em uma área rural de Campos, cidade do Estado do Rio de Janeiro que se notabilizou por vários ciclos do açúcar, o chamado ouro-doce, e colecionou histórias de barões e comendadores. Ela se lembra nitidamente de seu primeiro contato com os estudos. Aos dez anos de idade, ela e muitas crianças da região saíam de casa por volta das sete horas da manhã, percorriam longas estradas de barro e passavam no meio de boi brabo, para chegar à escola às onze horas. Ali, naquela unidade do Mobral (projeto de alfabetização criado pelo governo militar em 1967 e encerrado em 1985), as crianças tomavam um copo de café com leite e se sentavam para dormir nas carteiras. Marilza gostava da professora: “Era uma mãe pra gente”. Mas um dia ela chamou os seus pais. “A professora falou para eles que não estava adiantando, que aquilo só estava servindo para castigar a gente de cansaço. Aí a gente parou de estudar, e eu nunca mais tive oportunidade.”

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Tags: Rotary, Rotary International, educação, capa, setembro de 2015