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Horizonte ampliado pela dança

fev 1, 2018

No Rio de Janeiro, uma escola de balé descortina possibilidades de vida a crianças de classes sociais desfavorecidas

“Adoro cheiro de teatro!”, ele inspira e diz, e é nítida a satisfação em sua voz. É uma quarta-feira, em meados de agosto de 2017, e Jônatas Soares Lopes está posicionado no centro do palco do Teatro 1, na unidade Tijuca do Sesc Rio, na zona norte carioca. Foi na infância que ele descobriu espaços como esse. Estão entre seus lugares favoritos.

Naquele fim de tarde chuvoso, o bailarino, então com 16 anos de idade, aguardava o início do ensaio fotográfico para a capa desta edição, animado e ansioso com a grande mudança que estava por vir. Nos próximos dias, Jônatas deixaria o Morro da Coroa, no bairro do Catumbi, também na zona norte da cidade, onde morava com a mãe, para completar sua formação profissional na academia do Dutch National Ballet, uma das mais renomadas companhias de dança da Europa, localizada em Amsterdã. “Não vejo a hora de saber como vai ser daqui pra frente”, ele confessa, e não precisa pensar muito para citar algo tipicamente brasileiro de que vai sentir falta: paçoca.

Jônatas nunca havia visitado a Holanda e agora viverá no país por pelo menos dois anos. Ele conquistou uma bolsa de estudos no início de 2017, durante o 45º Prix de Lausanne, uma competição internacional de dança realizada anualmente na Suíça. A proposta incluiu uma vaga de trainee na companhia de dança holandesa. “Além de fazer a escola, ele vai acompanhar os ensaios, aprender alguns papéis e vai estar sempre à disposição da companhia, ganhando experiência, convivendo com os coreógrafos. Então, pode até ser que ele dance com a companhia”, explica Guilherme Darzi, coordenador da escola de dança onde Jônatas passou metade da vida.

Mas vamos começar essa história pelo início.

Ele ainda não havia nascido quando a madrinha, Shirley Fernandes, vaticinou: “Vai ser bailarino”. Os chutes que Jônatas dava na barriga da mãe, Rosana Lopes, motivaram a previsão, que o tempo confirmou. “Quando era bem bebezinho, ele só gostava de brinquedos que emitissem som”, recorda Shirley. Um pouco maior, começou a tentar dançar como Michael Jackson. “Tudo que passava na televisão, referente a música, ele queria imitar”, ela conta. “O Jônatas gostava de tudo que gingava com o corpo”, confirma Rosana.

Logo mais gente percebeu essa aptidão. Na escola dominical da igreja, que ele frequentava acompanhando a madrinha, havia apresentações artísticas em datas festivas. Em uma delas, a participação de Jônatas despertou a atenção de uma professora de forma especial. Era um número de street dance. “Ela falou que ele tinha uma sensibilidade muito grande para a dança e perguntou se poderíamos levá-lo a uma escola de balé”, relembra Shirley. A madrinha concordou, mas disse que a palavra final caberia à mãe de Jônatas. “Aí ele fez o teste e passou”, conta Rosana.

Aos oito anos de idade, Jônatas foi aceito na escola de dança Petite Danse, na Tijuca, como aluno do projeto social Dançar a Vida. Nessa época, ele não conhecia o balé. “Eu gostava mais do street dance”, admite. “A diretora da escola o incentivou. Ela disse: ‘Por que  você não faz balé, que é uma dança clássica, algo que vai mexer muito com o seu futuro e vai te dar outros lugares para ir e competir, para você voar como um passarinho, do jeito que você gosta?’”, lembra Rosana.

Jônatas aceitou o conselho. As primeiras aulas foram um choque. O balé era diferente de tudo que ele conhecia como dança. Aos poucos, insistindo e treinando, ele conseguiu acertar o passo. “Eu fiquei apaixonado. Depois que fui mais fundo no balé, decidi seguir minha vida por meio dele”, conta.

Leia a matéria na íntegra na edição de fevereiro da Revista Rotary Brasil (digital ou impressa).

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