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Durante os anos em que servi como curador da Fundação Rotária, o tema das fundações associadas foi motivo de frequentes debates e discussões. Até o ano 2000 existiam cinco fundações associadas à Fundação Rotária – na Alemanha, Austrália, Canadá, Índia e Reino Unido. Eram subsidiárias da Fundação Rotária, administradas e supervisionadas pela entidade mãe.

José Alfredo Pretoni, curador da Fundação Rotária de 2000 a 2004, promoveu a ideia de criar uma associação no Brasil com o nome de Associação Brasileira da The Rotary Foundation (ABTRF) no mesmo esquema das anteriores, mas com um importante diferencial: as contribuições viriam somente de empresas que utilizassem ou não benefícios fiscais brasileiros. Isso ocorreu em junho de 2001 e foi bem aceito; o Japão também solicitou a aprovação de uma ideia semelhante a essa.

Com Pretoni, trabalhamos arduamente para avançar, e em junho de 2002, justamente quando terminava minha primeira presidência na Fundação Rotária, no último dia de sessões e quase nos momentos finais, conseguimos aprovar a criação da ABTRF. Essa aprovação foi acompanhada de especificações acerca de arrecadação de fundos e reconhecimento e organização para autorizar o secretário-geral a trabalhar com o curador Pretoni na elaboração das bases finais que definiam a ABTRF, cuja tramitação terminou no ano de 2004 com a recepção de toda a documentação legal, sua aprovação e o início das atividades.

Durante esse tempo, a tarefa de fazer compreender essa inovação foi difícil, porque no Rotary as novas ideias não são aceitas da noite para o dia. Em uma perspectiva a longo prazo, os fundos arrecadados pela ABTRF cumprem a função de Fundo Mundial, destinado a sustentar projetos da Fundação Rotária, especialmente no Brasil. Como os doadores não são distritos, clubes nem rotarianos, mas sim empresas, essas contribuições vão diretamente para o Fundo Mundial. E é aí que está a grande diferença: esses fundos somente possuem beneficiários. Em alguns casos, é possível os doadores indicarem a aplicação do dinheiro em uma ou várias áreas de interesse para a fundação, no entanto, ele será compartilhado pelo Fundo Distrital de Utilização Controlada e/ou contribuições disponíveis para cada projeto.

A persistência dos fundadores e dos dirigentes, após o surgimento dessa nobre ideia, levou tudo isso a se tornar realidade. Hoje, cerca de 1.200 empresas já efetuaram contribuições para a ABTRF, somando-se quase 4 milhões de dólares.

Ao olhar essa proposta em perspectiva, agora compreendo muito melhor o quão revolucionária foi tal ideia em seu momento, e como ela expandiu os horizontes no campo da filantropia, porque a ABTRF não limita suas possibilidades e conduz as ações de seus membros a uma nova e valiosa direção.

Enquanto os rotarianos compreenderem o valor dessa ferramenta e souberem convencer potenciais doadores, ela terá conseguido converter-se em um instrumento insuperável para dar mais força ao objetivo de fazer o bem no mundo.

* O autor é Luis Vicente Giay, presidente 1996-97 do Rotary International, e chair 2001-02 e 2006-07 da Fundação Rotária.

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