Colunistas
Experiências marcantes
Olá, amigos. Vocês estão felizes? Como sempre digo, fazemos parte do Rotary para ser felizes. E uma maneira maravilhosa de nos sentirmos assim é quando servimos. Essa é uma felicidade diferente, pois se mistura com generosidade e fraternidade.
E quando falamos na Fundação Rotária, os olhos de milhares de membros da Família do Rotary brilham. No calendário da nossa organização, novembro é o mês dedicado a ela, nosso braço do bem. São milhares de histórias de pessoas em ação mundo afora, envolvendo bolsas de estudos, projetos voltados a água e saneamento, educação e alfabetização, prevenção de doenças, saúde materno-infantil, desenvolvimento econômico comunitário, paz e prevenção de conflitos. E, é claro, o cumprimento da nossa promessa de erradicar mundialmente o vírus selvagem da poliomielite.
Mas quando falamos desses projetos eles parecem ser algo muito genérico, não estamos falando diretamente de pessoas. Por isso, gostaria de dar exemplos pessoais, de realizações do meu clube, o Rotary Club de Fortaleza-Alagadiço, no estado brasileiro do Ceará. Um clube que já há muitos anos é o maior doador do distrito 4490 e que está sempre criando esperança no mundo com a magia da Fundação Rotária. E que honrosamente tem como associada a companheira Maria Vital, única brasileira de fora do estado de São Paulo a fazer parte da Sociedade Arch Klumph.
Compartilharei um pouco dos três últimos projetos de Subsídios Globais da Fundação Rotária realizados pelo meu clube nos últimos quatro anos. O primeiro deles foi no período 2020-21, quando aparelhamos duas unidades de terapia intensiva para crianças transplantadas. O estado do Ceará é referência em transplantes no Brasil, mas não tinha uma unidade intensiva pediátrica, e por isso corremos para fazê-las. Criamos um local confortável para acomodar os acompanhantes dos pequenos pacientes, com decoração infantil e televisores para as crianças se distraírem durante a recuperação de uma experiência tão traumática. Tivemos muito trabalho ao lado dos nossos parceiros canadenses do clube e do distrito de nossa ex-presidente internacional, Jennifer Jones.
Lembro bem da entrega dessas unidades de terapia intensiva. Quando chegamos ao Hospital Geral de Fortaleza, um pequeno grupo pôde entrar para fazer a inauguração e instalar a placa da Fundação Rotária sinalizando que aquele espaço havia sido fruto do nosso trabalho. Para nossa surpresa, os dois leitos já estavam sendo utilizados, numa demonstração do tamanho da necessidade da comunidade. Ver esse resultado é algo mágico, que nos fideliza ao Rotary e nos faz sentir necessários nessa missão. Todos ficamos recompensados e essa felicidade chega às nossas almas e aos nossos corações. Essa experiência não tem preço, só quem viveu isso sabe do que estou falando.
Outro maravilhoso projeto que o nosso clube realizou foi a doação de 150 capacetes Elmo para as secretarias de Saúde dos estados do Ceará, Maranhão e Piauí durante a segunda onda da pandemia de Covid-19. Esses equipamentos são resultado de uma parceria da Escola de Saúde do Ceará com a Universidade Federal do Ceará, Universidade de Fortaleza, Federação da Indústria do Ceará, iniciativa privada e muitos outros participantes que se reuniram para tentar amenizar a necessidade de intubação dos pacientes. Durante a pandemia, minha mãe, Yolanda Maria Barbosa de Vasconcelos, precisou ser intubada e infelizmente teve duas paradas cardíacas, ficando em estado vegetativo por um ano antes de falecer. Tenho certeza de que todos vocês conhecem algum caso assim.
Essa foi outra experiência impactante. Juntos somos mais fortes e precisamos ser generosos, pensando não somente em nossa comunidade, no caso o Ceará, mas nos outros dois estados brasileiros que compõem o distrito. Foi uma maneira de lembrar da minha mãezinha. Não pude fazer muito por ela naquela situação, mas tenho a certeza de que ela ficou muito feliz e grata à nossa Fundação pelas pessoas beneficiadas com os capacetes. O clube e o distrito do exterior envolvidos nesse projeto são os do nosso ex presidente do Rotary International e atual chairman da Fundação Rotária, Mark Maloney.
O terceiro projeto que relato a vocês, uma van equipada para realizar tratamentos odontológicos, foi capitaneado pelo Portinho, nosso companheiro de clube. O que chama atenção aqui é a união de diversos clubes de Fortaleza e de outros distritos brasileiros, além dos internacionais, que doaram recursos ao projeto. As parcerias internacionais são obrigatórias em um projeto de Subsídios Globais e por isso precisamos lembrar que podemos unir forças entre nós, latino-americanos. A dor da criança que chora na Bolívia não é diferente daquela que chora no estado brasileiro de Alagoas ou no Equador. O que interessa é fazermos a diferença na vida das pessoas, sermos generosos e amorosos. Sermos pessoas do bem.
Seu clube já fez um projeto de Subsídios Globais da Fundação Rotária? Ainda não? Então una-se a outros clubes e distritos e tenha essa experiência marcante em sua vida. Eu prometo: é fantástico.
Neste mês celebramos também o Dia Mundial do Interact, em 5 de novembro. Tem sido incrível trabalhar com o programa. Nossa presidente da Interact Brasil, Julia Sbaraini, está fazendo um excelente trabalho. Temos que apoiar as novas gerações, passar adiante nosso legado. Se hoje somos protagonistas, no futuro não estaremos mais aqui para dar continuidade. O Rotary International é como uma corrida de revezamento. As primeiras gerações já nos passaram o bastão, o legado do Rotary, e nós já disparamos carregando o em direção ao futuro. E para quem passaremos o bastão? É simples assim. Por isso, aposto na turma da Jessica Inez, presidente da Rotaract Brasil, e da Julia. Quero que essa turma leve o nosso legado até a linha de chegada para que possamos dizer que, juntos, todos os membros da Família do Rotary, de muitas gerações, fomos vitoriosos nessa corrida da vida.
Neste mês, não poderia deixar de agradecer à Rotary Brasil, que está completando 100 anos de muita dedicação à nossa organização, aos nossos clubes, distritos e associados. Uma revista que nos deixa orgulhosos de fazer parte do Rotary. Meu profundo e eterno muito obrigado.
* O autor é Henrique Vasconcelos, diretor 2023-25 do Rotary International.