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Escrevendo a vida de próprio punho

dez 4, 2019

LuciSETDurante uma ação de Natal no bairro Jardim Edilene, os jovens do Rotaract Club de Joinville, em Santa Catarina (distrito 4652), foram surpreendidos pelo pedido de uma moradora: ela gostaria que eles desenvolvessem um curso de alfabetização de adultos na comunidade.

Sob a coordenação de uma pedagoga, os rotaractianos aceitaram o desafio e assumiram, eles mesmos, o papel de professores. Realizado entre novembro de 2017 e dezembro de 2018, o projeto abriu os caminhos da palavra escrita para homens e mulheres.

Uma das alunas diplomadas no ano passado é Lucilene de Assis Andrade Coelho, de 39 anos. Paranaense de Rancho Alegre do Oeste, vivendo há quase 19 anos em Joinville, ela contou à Rotary Brasil como essa experiência transformou seu mundo.

 

ROTARY BRASIL: Como você ficou sabendo do curso?

LUCILENE COELHO: Soube no dia em que o pessoal do Rotaract passou aqui na rua entregando os folhetinhos sobre as aulas. Eu queria aprender, fiquei interessada e aí me matriculei. Eu já sabia ler um pouquinho, mas não sabia escrever.

 

RB: E como era a rotina de aulas?

LC: O curso acontecia uma vez por semana, nas quintas-feiras, das 19h30 às 21h, e às vezes também aos sábados. Mas nos fins de semana muitos alunos não podiam comparecer, por isso ficou só uma vez por semana mesmo.

 

RB: Foi difícil conciliar o curso com o trabalho e a família?

LC: Sou casada e tenho dois empregos. Na parte da manhã trabalho como diarista e, à tarde, cuido de um condomínio. Não foi difícil conciliar o dia a dia com as aulas, na verdade era muito bom, muito gostoso, porque a gente também conversava, se distraía. Na verdade, senti falta quando o curso acabou.

 

RB: O que mudou depois disso?

LC: Aprender a ler é muito bom, muita coisa mudou na minha vida. Hoje posso deixar um recado, trocar mensagens pelo celular. Antes eu pedia às pessoas que escrevessem as coisas para mim. Aprender a escrever é ganhar independência. É uma liberdade.

 

RB: Como foi sua infância?

LC: Era só trabalhar. Meu pai deixava a gente ir para a escola só quando chovia e quando as colheitas acabavam. Eu e meus irmãos não tivemos a oportunidade de estudar. Depois meu pai levou a família para o Paraguai, a gente chegou lá sem entender a língua, aí ficamos sem estudar de vez. Morei no Paraguai dos sete aos 21 anos.

 

RB: Você tem planos de seguir estudando?

LC: Agora eu penso em continuar com os estudos, não tem mais quem me impeça. Antes eram os filhos, quando eles eram pequenos eu não tinha com quem deixá-los, mas hoje estão todos adultos, casados. Só preciso mesmo de força de vontade.

 

RB: Você gosta de ler?

LC: Gosto. No momento estou lendo um livro que ganhei de uma amiga.

 

RB: E qual é a sua palavra preferida?

LC: Minha palavra favorita é amor.

 

Conversa Rápida originalmente publicada na pág. 74 da edição de setembro de 2019 da Revista Rotary Brasil.

*Texto: Nuno Virgílio Neto.

**Ilustração: Bruno Silveira.

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