“Há pessoas pobres, tão pobres, que dinheiro é a única coisa que elas têm.” – Armando Fuentes Aguirre “Cato”
“No Rotary, nem tudo é dinheiro” é uma frase que escuto com frequência. No entanto, é verdade que as contínuas campanhas de arrecadação de fundos são muito importantes para cumprirmos nossas ações, e também é certo que, por vezes, deixamos a árvore desviar nossa atenção da beleza do bosque. Porque nem tudo é dinheiro.
Para nós, dinheiro é meio, é ferramenta, instrumento que, apesar de útil, não serve para medir a qualidade de um indivíduo, nem para analisar o serviço oferecido. Não se avalia uma pessoa pelo que ela tem ou fornece, mas sim por seu valor como ser humano. Contamos com muitos rotarianos economicamente prósperos, entretanto o valor deles está muito mais no que são do que em suas posses – e isso é realmente notável.
Ser rotariano nos oferece muitas oportunidades para sermos úteis, para oferecermos nosso tempo a tarefas que favorecem os mais necessitados, para servirmos por meio de nosso trabalho e praticarmos princípios e valores dessa organização que é nosso núcleo, e para contribuirmos com recursos. Como disse Paulo Coelho: “Somente recebemos mais do que doamos, quando doamos mais do que recebemos”.
É verdade que há quem já tenha fornecido milhões para boas causas. Que bom que essas pessoas existem, porque elas são indispensáveis. Mas há muitas outras que não podem doar tanto financeiramente, mas engrandecem suas causas ao contribuírem com sua personalidade, como Mahatma Gandhi, Madre Teresa ou Nelson Mandela.
Acredito ser necessário criar no Rotary um equilíbrio entre os bens materiais e os bens espirituais. Uma pessoa é tão valiosa pelo que faz quanto pelo que doa. Porque fazer requer um enorme compromisso e uma vocação que nem todos têm. Os anos se passam e acho difícil entender por que temos tantos rotarianos apáticos em nossos clubes. A apatia é o nosso pior inimigo, porque nos leva à mediocridade, a não compreender que cada um pode e deve fazer sua doação, pode e deve contribuir para a mudança e o progresso.
Por isso devemos colocar o dinheiro em seu devido lugar: junto às ferramentas. Devemos ser generosos e doar o máximo que pudermos de nossos recursos. Devemos ser realizadores e usar nossos esforços e trabalho para concretizar nossos sonhos.
Pelo bem do Rotary e das próximas gerações, é importante continuarmos a contribuir e a realizar.
* A autora é Celia Giay, diretora 2013-15 do Rotary International.