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Desafios para evitar o retorno da pólio ao Brasil

ago 8, 2022

Às 20h39 de 21 de julho recebemos uma mensagem assinada por Mike McGovern, presidente da Comissão Internacional Polio Plus, informando um caso de paralisia por poliomielite em um indivíduo não vacinado no Condado de Rockland, nos Estados Unidos.

O Centro de Controle e Prevenção de Doenças dos Estados Unidos está coordenando com as autoridades de saúde do Estado de Nova York a investigação do ocorrido, sendo que o sequenciamento genético inicial do vírus indica o tipo 2 – pólio derivada da vacina tipo 2.

Em 8 de julho, participei de uma reunião da Comissão Regional para a Certificação da Erradicação da Poliomielite nas Américas, da Organização Pan-Americana da Saúde, cujo relatório anual vem a classificar o Brasil como de muito alto risco para a ocorrência da doença.

No dia 20 do mesmo mês, em conjunto com os coordenadores regionais da campanha End Polio Now Nestor Amarilho e Pedro Durão, realizamos um treinamento para presidentes das subcomissões para pólio no qual foi salientado que a nossa média nacional de cobertura vacinal é de 62%, e que em algumas regiões, como Norte e Nordeste, as condições são críticas.

A poliomielite causada pelo vírus selvagem se verifica nos países ainda endêmicos – Paquistão e Afeganistão –, tendo havido casos importados no Malawi, em novembro último, e em Moçambique, em março deste ano.

A pólio derivada da vacina pode surgir em decorrência do uso da vacina oral – um caso para 2,5 milhões de vacinados – em regiões com coberturas vacinais muito baixas e condições de saneamento básico precárias, sendo mais observada na África, e, recentemente, em Israel, Ucrânia e no Estado de Nova York.

O Ministério da Saúde está promovendo a Campanha Nacional de Vacinação para Pólio e Multivacinação de 8 de agosto a 9 de setembro. Conclamamos clubes e distritos a apoiarem essa iniciativa, sendo prioridade o Dia D em 20 de agosto para realizarmos uma grande mobilização nacional.

Para evitar o retorno da doença ao Brasil, recomendamos que nossas atividades perdurem por todo o ano, baseadas no modelo de advocacia local. Indicamos o seguinte:

Colaboração com o setor de vigilância da Secretaria Municipal da Saúde, avaliando a cobertura vacinal em seu município (que deve ser de pelo menos 95%), a existência de bairros críticos (com cobertura vacinal inferior a 50%) e o quantitativo de crianças a serem vacinadas.

Colaboração com a Secretaria de Educação e avaliação da viabilidade de a vacinação ocorrer nas creches ou escolas.

Os clubes podem adotar um posto de vacinação, apoiando o seu funcionamento adequado – o que consiste na disponibilidade de vacinas, infraestrutura apropriada, horário de atendimento e acesso seguro.

Colaboração com lideranças comunitárias, religiosas, diretorias e associações de pais nas escolas e ONGs locais.

Divulgação pelas mídias sociais, jornais, rádios e televisões comunitárias.

Estamos em um momento de urgência e devemos desenvolver um programa estruturado de melhoria da cobertura vacinal, recorrendo a diversas esferas de parcerias para que, de fato, possamos interagir e engajar as famílias, pais e mães na garantia de evitarmos o retorno da pólio.

* O autor é Marcelo Haick, curador 2021-23 da Fundação Rotária.

diretoria@hso.com.br

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