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Desafios do segundo centenário (1ª parte)
Logo no início da gestão como curador, fui solicitado, no Instituto Rotary do Rio de Janeiro, em 2015, a elencar os desafios da Fundação Rotária. Mormente por falta de conhecimento, listei cinco que me pareciam sensatos à época.
Decorridos dois anos, no recém-concluído Instituto de Atibaia, recebi a mesma incumbência, a convite dos coordenadores da Fundação Rotária, Antonio Carlos Cardoso e Hugo Dórea. Desta feita, enumerei sete desafios, um indicativo de que dois anos de aprendizado alargaram minha visão endógena e exógena sobre a Fundação. Continuo aprendiz do tema, mas o trabalho em 13 comitês nos três últimos anos me permitiu uma análise mais ampla.
1º desafio: Acabar com a pólio. Essa continua sendo a grande prioridade. Os seis casos do Afeganistão e os três do Paquistão nos permitem vislumbrar o fim da jornada. Na recente Convenção de Atlanta, houve o compromisso de 1,2 bilhão de dólares por parte dos parceiros. Acrescido dos 130 milhões de dólares da Inglaterra, em 4 de agosto, esse montante reduziu o hiato orçamentário a 170 milhões de dólares. No orçamento 2016-17, para previsão de arrecadação de 45 milhões de dólares dos rotarianos, atingimos 51,1 milhões de dólares.
2º desafio: O que fazer depois do fim da pólio? Como tratei no artigo anterior, há pressupostos e critérios que nortearão o próximo programa corporativo, se houver, pois não há consenso sobre a necessidade de um novo desafio nessa escala. A reunião do Comitê de Planejamento Estratégico de 17 de agosto revisou os critérios, que primam pela sensatez: consistência com nossos valores, visão, plano estratégico, cronograma identificável com resultados mensuráveis, enquadramento nos orçamentos do Rotary e da Fundação Rotária, não comprometimento de fundos dedicados aos programas atuais da Fundação, apelo global e envolvimento local, consulta aos atuais parceiros para afinar estratégias.
3º desafio: As finanças após a erradicação da pólio. O orçamento de receitas da Fundação Rotária prevê 353 milhões de dólares para 2017-18, dos quais 100 milhões de dólares virão da Fundação Gates e 50 milhões de dólares dos rotarianos. As despesas também sofrem impacto semelhante, com 154 milhões de dólares destinados a combater a pólio. Sem o programa, “perderemos” quase 50% de nosso orçamento dos dois lados, despesas e receitas. Mas os custos administrativos dos demais programas continuarão lá, sem a margem de contribuição que o combate à pólio traz para o orçamento, com custo administrativo baixo.
4º desafio: Estabilidade nos rendimentos. Recém-egresso do comitê de investimentos, pude atestar a complexidade dos investimentos de 1,1 bilhão de dólares dos fundos da Fundação Rotária. Esses fundos têm que garantir retorno para financiar os programas, sem o que os distritos ficariam travados. A Fundação contratou um diretor de investimentos saído da Universidade Loyola para entender os riscos associados a seu portfólio e obter retornos mais consistentes com as necessidades de recursos dos programas. O objetivo é evitar a montanha-russa dos retornos, que atingiram 164 milhões de dólares negativos em 2009 e 98 milhões de dólares positivos no ano passado. Talvez estejamos correndo, em demasia, riscos que nos atiram nos picos e vales, em contraste com nossas necessidades de financiamento.
Na próxima edição, continuaremos com os três desafios que faltam.
* O autor é Mário César de Camargo, curador 2015-19 da Fundação Rotária.
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