Clubes em Ação

Voltar

ACERVO

Voltar

Colunistas

Desafios do segundo centenário (1ª parte)

out 3, 2017

Logo no início da gestão como curador, fui solicitado, no Instituto Rotary do Rio de Janeiro, em 2015, a elencar os desafios da Fundação Rotária. Mormente por falta de conhecimento, listei cinco que me pareciam sensatos à época.

Decorridos dois anos, no recém-concluído Instituto de Atibaia, recebi a mesma incumbência, a convite dos coordenadores da Fundação Rotária, Antonio Carlos Cardoso e Hugo Dórea. Desta feita, enumerei sete desafios, um indicativo de que dois anos de aprendizado alargaram minha visão endógena e exógena sobre a Fundação. Continuo aprendiz do tema, mas o trabalho em 13 comitês nos três últimos anos me permitiu uma análise mais ampla.

1º desafio: Acabar com a pólio. Essa continua sendo a grande prioridade. Os seis casos do Afeganistão e os três do Paquistão nos permitem vislumbrar o fim da jornada. Na recente Convenção de Atlanta, houve o compromisso de 1,2 bilhão de dólares por parte dos parceiros. Acrescido dos 130 milhões de dólares da Inglaterra, em 4 de agosto, esse montante reduziu o hiato orçamentário a 170 milhões de dólares. No orçamento 2016-17, para previsão de arrecadação de 45 milhões de dólares dos rotarianos, atingimos 51,1 milhões de dólares.

2º desafio: O que fazer depois do fim da pólio? Como tratei no artigo anterior, há pressupostos e critérios que nortearão o próximo programa corporativo, se houver, pois não há consenso sobre a necessidade de um novo desafio nessa escala. A reunião do Comitê de Planejamento Estratégico de 17 de agosto revisou os critérios, que primam pela sensatez: consistência com nossos valores, visão, plano estratégico, cronograma identificável com resultados mensuráveis, enquadramento nos orçamentos do Rotary e da Fundação Rotária, não comprometimento de fundos dedicados aos programas atuais da Fundação, apelo global e envolvimento local, consulta aos atuais parceiros para afinar estratégias.

3º desafio: As finanças após a erradicação da pólio. O orçamento de receitas da Fundação Rotária prevê 353 milhões de dólares para 2017-18, dos quais 100 milhões de dólares virão da Fundação Gates e 50 milhões de dólares dos rotarianos. As despesas também sofrem impacto semelhante, com 154 milhões de dólares destinados a combater a pólio. Sem o programa, “perderemos” quase 50% de nosso orçamento dos dois lados, despesas e receitas. Mas os custos administrativos dos demais programas continuarão lá, sem a margem de contribuição que o combate à pólio traz para o orçamento, com custo administrativo baixo.

4º desafio: Estabilidade nos rendimentos. Recém-egresso do comitê de investimentos, pude atestar a complexidade dos investimentos de 1,1 bilhão de dólares dos fundos da Fundação Rotária. Esses fundos têm que garantir retorno para financiar os programas, sem o que os distritos ficariam travados. A Fundação contratou um diretor de investimentos saído da Universidade Loyola para entender os riscos associados a seu portfólio e obter retornos mais consistentes com as necessidades de recursos dos programas. O objetivo é evitar a montanha-russa dos retornos, que atingiram 164 milhões de dólares negativos em 2009 e 98 milhões de dólares positivos no ano passado. Talvez estejamos correndo, em demasia, riscos que nos atiram nos picos e vales, em contraste com nossas necessidades de financiamento.

Na próxima edição, continuaremos com os três desafios que faltam.

* O autor é Mário César de Camargo, curador 2015-19 da Fundação Rotária.

Para fazer comentários e sugestões sobre esta coluna, escreva para mario.cesar@graficabandeirantes.com.br

Share This