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Copo meio cheio ou meio vazio?

jul 1, 2020

Resultados dispensam explicações, diz um ditado norte-americano, país fundado no capitalismo, um sistema que considera resultados, não intenções. Aliás, é do falecido ministro da Fazenda Roberto Campos o pensamento: “No socialismo as intenções são melhores do que os resultados, no capitalismo os resultados são melhores do que as intenções”.

Iniciando a gestão 2020-21, mas ainda escrevendo na gestão anterior, tenho de preservar a coerência no discurso e admitir que os resultados de desenvolvimento do quadro associativo nas Zonas 23 e 24 (América do Sul, incluindo Brasil) são o copo meio cheio – ou meio vazio.

Podemos dizer que a gestão começou lacrando, para usar uma gíria típica das redes sociais. Em 30 de setembro de 2019, tínhamos a seguinte evolução no número de associados, por subzona, em relação a 1º de julho do mesmo ano:

1 – 23A (sul do Brasil) – positivo em 443 associados, com destaque para os distritos 4710 (66 associados de acréscimo), 4630 (67) e 4652 (64);

2 – 23B (países de língua espanhola) – 412 novos associados, com a liderança dos distritos 4320 (72 associados a mais), 4905 (43) e 4945 (42);

3 – 24A (São Paulo) – 402 associados admitidos, com menção aos distritos 4420 (172 rotarianos a mais desde 1º de julho de 2019), 4440 (88) e 4621 (63);

4 – 24B (Norte, Nordeste, Centro-Oeste e Sudeste) – crescimento de 466 associados, destacando-se os distritos 4760 (88 novos associados), 4571 (87) e 4500 (agregação de 68 associados no primeiro trimestre da gestão).

No total, eram 1.723 rotarianos de crescimento líquido na América do Sul. Tínhamos a expectativa de reverter o quadro de decréscimo de associados em anos recentes. Eis que entra em cena, então, a teoria da porta giratória: para cada rotariano que chega, outro sai. Quieto, sem alarde, sem desposse, sem que as razões da saída sejam avaliadas.

É um fenômeno mundial: nos últimos dez anos, 1,38 milhão de rotarianos deixaram a organização, um número superior ao do nosso quadro associativo mundial, de 1,2 milhão. Admitimos muitos, com grande fanfarra, mas perdemos outros tantos, silenciosamente.

Temos de entender as razões. Desde 1º de maio, em reuniões virtuais, presenciei as posses de 554 companheiros – 283 homens e 271 mulheres. Há várias outras reuniões agendadas, tanto para fundação de clubes como para admissão de associados. Mas, sem travarmos a porta giratória na saída, outros tantos nos deixarão.

Hoje, dia 15 de junho, os dados são um pouco desapontadores. Aquele quadro sorridente de setembro transformou-se em apreensão, com os seguintes números (sempre comparados a 1º de julho de 2019):

1 – 23A – única subzona a apresentar crescimento, com 528 associados a mais, salientando os distritos 4660 (com 115) e o 4630 (65);

2 – 23B – baixa de 61 associados, mantendo-se o distrito 4320 com 68 associados e tendo o 4465 acrescido 47 associados no período;

3 – 24A – decréscimo de 66 associados, com destaque positivo para os distritos 4440 (excepcionais 239 rotarianos de acréscimo) e o 4420 (49);

4 – 24B – redução de 67 associados, com destaque positivo para os distritos 4760 (112 novos associados) e o 4530 (71).

Com isso, o crescimento de 1.723 rotarianos até 30 de setembro de 2019 despencou para 334 associados a mais no período. Uma queda de 80% no que já havíamos crescido.

Teremos ainda 15 dias pela frente para uma reação. E, na sequência, o desafio de 1º de julho, época do ano que, historicamente, apresenta baixa de associados devido à per capita. Os governadores 2019-20 ainda têm trabalho, e os governadores 2020-21, lições aprendidas. Uma delas: fundar clubes tem sido o único instrumento de crescimento de associados na América do Sul. Comecem em 1º de julho de 2020, pois já estaremos em desvantagem em relação ao tempo.

* O autor é Mário César de Camargo, diretor 2019-21 do Rotary International.

mario.cesar@graficabandeirantes.com.br

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