Com subsídios da Fundação Rotária e parceria do Sebrae, clube mantém projeto para estimular o empreendedorismo feminino em comunidades do Rio de Janeiro

A pernambucana Paula Bezerra sempre havia trabalhado em escritório. Com o nascimento do terceiro filho, ficou difícil conciliar a vida profissional com o papel de mãe. Morando longe da família, em Manguinhos, zona norte do Rio de Janeiro, e sem ganhar o suficiente para pagar alguém que tomasse conta das crianças, ela não teve alternativa a não ser sair do emprego.

Algum tempo depois, Paula decidiu trabalhar por conta própria. Em 2012, começou a revender cosméticos, mas sem saber se organizar, calcular fluxo de caixa e cuidar adequadamente do estoque, a experiência não durou muito tempo. Desacreditando do próprio potencial, ela havia praticamente desistido das vendas quando, por um boca a boca, tomou conhecimento de um curso que a faria rever sua decisão.

Quatro vezes por mês, pelo período de dez meses, Paula assistiu a aulas de capacitação. Ela recebeu material didático e orientação para elaborar um plano de negócios para empreender em sua comunidade. “O curso, ouvi essa palavra um dia desses, empoderou as mulheres. Trouxe poder. As mulheres começaram a entender que elas poderiam ser empresárias, empreendedoras, que isso é para elas também, é para mim também”, conta Paula.

Com as aulas, ela aprendeu a administrar e adquiriu consciência empreendedora. “Acho que eu nunca tinha nem ouvido falar nisso de ser empreendedora, e o curso me mostrou que eu era”, diz a empresária, que hoje está com seu negócio formalizado, tem conta corrente como pessoa jurídica e máquina para receber pagamentos com cartão, sabe identificar seu lucro, se planejar e reinvestir o que recebe visando aumentar o estoque. “Tenho pronta entrega agora, porque aprendi que é importante. Organizei uma empresa dentro da minha casa e essa empresa vai na minha mala”, comemora.

A situação da empresária Paula de hoje é completamente diferente daquela de antes do início do curso. “Tinha que ter tirado uma foto no início. Cheguei meio que depressiva. Acho que, como eu, muitas chegaram, e as coisas mudaram. Nós saímos dali outras pessoas. O curso mexeu na cabeça das mulheres e agora a visão mudou”, analisa Paula. Ela, que empreendeu para poder se dedicar ao papel de mãe, num momento em que ainda nem se dera conta de que era empreendedora, descobriu nas aulas um motivo a mais para continuar: “O que me encanta no empreendedorismo feminino é despertar na mulher que ela não está morta, ela pode criar. Com organização, a mulher consegue. Ela consegue administrar a casa, a vida do filho na escola, a família e consegue administrar uma empresa. É isso que eu amo no empreendedorismo, porque ela descobre que é mais forte”.

Mulher Empreendedora

O curso que revelou a Paula que, além de esposa, mãe e dona de casa, ela também é empresária, é fruto do projeto Mulher Empreendedora, promovido pelo Rotary Club do Rio de Janeiro, com subsídios da Fundação Rotária, e em parceria com o Sebrae/RJ. O piloto desta iniciativa surgiu no clube no ano rotário 2010-11, sob a presidência de Alice Cavaliere Lorentz, que seria governadora do distrito 4570 no ano seguinte. Com a ideia de oferecer apoio às mulheres e a possibilidade de ter o Sebrae como parceiro, ela quis montar um foco de trabalho para a mulher empreendedora na Escola Rotary, que fica no bairro da Ilha do Governador e foi doada pelo clube à prefeitura. A turma piloto formou 26 alunas. “Um sucesso. Foi um curso de seis meses, com frequência muito boa. Elas conseguiram terminar o curso, ganharam diploma e algumas abriram seu próprio negócio na comunidade onde vivem”, recorda Alice.

* Leia a matéria completa na edição de junho da Brasil Rotário (digital ou impressa).

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