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A questão da água – Entrevista: Braimah Apambire

mai 20, 2014

Braimah-Apambire

Criado na árida região norte de Gana, desde cedo Braimah Apambire viu a falta que a água faz e como medidas simples, seja uma bomba d’água ou sistema de coleta, transformam vidas. Ele é diretor do Center for International Water and Sustainability, no Desert Research Institute em Reno, EUA, e fará uma apresentação na reunião do Grupo Rotarianos em Ação pela Água e Saneamento (Wasrag) em 30 de maio, logo antes da Convenção do Rotary em Sidney, Austrália.

Como você se envolveu com assuntos hídricos?

APAMBIRE: Eu cresci em Zuarungu, região onde não chove muito. Durante os quatro meses da estação seca as mulheres (inclusive meninas) são obrigadas a caminhar vários quilômetros para buscar água. Enquanto isto, os homens e garotos passam boa parte do dia levando o gado para beber água num reservatório que fica a seis quilômetros de distância. Como consequência, não sobra tempo para estas crianças e jovens frequentarem a escola. Quando eu tinha 12 anos, a Agência Canadense de Desenvolvimento Internacional abriu 2.600 poços na área e eu vi a grande diferença que isto causou na vida do meu povo. Eu me formei em geologia, trabalhei na instalação de sistemas hídricos e fiz mestrado no Canadá. [Apambire também é PhD em hidrologia pela Universidade de Nevada, Reno.]

Quão grave é a falta de acesso à água?

APAMBIRE: Cerca de 740 milhões de pessoas não têm acesso ao que chamamos de fontes melhoradas de água, e 88% das doenças infantis são originadas pela água contaminada e saneamento precário. É triste saber que 5.000 crianças morrem diariamente devido a causas como estas e a maus hábitos de higiene.

Que melhorias foram feitas para aumentar o acesso à água?

APAMBIRE: A internet e a telefonia móvel têm ajudado bastante no sentido de conectar as pessoas. Mas não adianta ter tecnologia e bons planos se não houver meios de evitar a contaminação do líquido. Tem que ser feito um bom trabalho educativo junto à comunidade beneficiada para que ela entenda a relação entre água contaminada e doenças.

Qual a importância de parcerias como as promovidas pelo Wasrag?

APAMBIRE: Nos países desenvolvidos, as pessoas não dão o devido valor à água. Nos Estados Unidos por exemplo, a média de consumo diário individual é de 375 litros, o que é um puro desperdício. O consumo médio na África é de 20 litros, dos quais grande parte é água contaminada. Eu vi o que o Rotary é capaz de fazer. O Wasrag está de parabéns, pois tem bons projetos e trabalha diretamente nas comunidades, usando tecnologia apropriada visando sempre a sustentabilidade.

* Artigo originalmente publicado na edição de maio de 2014 da revista The Rotarian (Brad Webber)

** Ilustração: Louisa Bertman

Tags: Rotary, Rotary International, 2014, água, Braimah Apambire

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