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ARTIGOS

A importância da ética

dez 3, 2010

A ética é a teoria do setor cultural chamada moralidade, ou do dever ser, como formulou Kant. Também se determina o tema da ética como o estudo da totalidade infinita do homem, com o que se alude à ideia de humanidade.

A ética, de modo análogo à lógica, procura determinar a essência e as formas de uma legalidade fundamental da cultura: a moralidade. Esta lei recebe o nome de “vontade pura”. O homem quer e age de acordo com o teor desta lei quando, por seu querer e obrar, se transforma num membro pleno de valor da comunidade, de uma comunidade cultural de homens livres, isto é: quando ele quer e age no sentido da “vontade social pura”, segundo as tradições de uma comunidade humana, compreendendo e sentindo os valores universalmente válidos. Só quem age e quer, tendo o dever como orientador de sua conduta, quer e age no sentido da vontade pura.

A terceira ciência filosófica fundamental é a estética, cujo sistema estabelece, como primeiro termo, as indissolúveis relações da arte com os produtos da cultura e da fantasia criadora. Cohen indica que o órgão da arte é o sentimento puro, o amor ao homem na totalidade de sua essência, os valores da graça, da ironia, da comicidade e da fantasia criadora.

Assim, não poderemos realizar um trabalho duradouro, com relação aos problemas da vida política, econômica ou filosófica, sem que os enfrentemos, como homens desejosos de progredir na direção do pensamento ético. Albert Schweitzer definiu: “Todos os que conseguem algum avanço, em matéria de ética, colaboram no advento da prosperidade e da paz do mundo”. Já Schopenhauer diz: “É fácil pregar a moral. Porém, difícil é assentá-la”.

Aliás, Schopenhauer, Kant e Nietzsche sempre divergiam sobre algum aspecto nas manifestações de cada forma de moral concebida. Cumpre-nos encontrar o grande acorde final, no qual as dissonâncias dessas “éticas” heterogêneas dissolvam-se em harmonia.

O problema ético é, portanto, o problema do principio básico da moral, fundado no pensamento sobre o bem e o mal. Às vezes por caminhos divergentes, os grandes pensadores (como Sócrates, Aristóteles, Epicuro ou Zenon) procuraram lapidar todos os conceitos, buscando encontrar as virtudes e conceitos de verdade, de moral e de ética, buscando a essência da moralidade pura.

Compromisso com a verdade
Ética é a ciência do comportamento, que faz parte da moral – e esta faz parte da filosofia. É a norma de comportamento do indivíduo em seu grupo, das instituições e da sociedade. Albert Schweitzer, médico agraciado com o Nobel da Paz em 1952, definiu a ética como sendo o nome que nós damos às nossas preocupações com a boa conduta. Ética é o compromisso que temos com a verdade, com o justo, pautando as nossas ações numa linha de retidão de comportamento.

Em sua obra-prima “O Príncipe”, Nicolau Maquiavel refletiu as condições de sua época, mostrando a reforma política, o livre exame dos fatos históricos, o ataque às tradições medievais, a instituição do êxito como única medida de poder do príncipe – enfim, a ruptura do temporal com o espiritual. Para equilibrar e harmonizar os contrastes, Maquiavel pregava que, para um príncipe se manter, é necessário que ele aprenda o poder de ser mau, e que se valha ou deixe de se valer disso quando e segundo a necessidade.

Da mesma maneira, ele disse que é necessário que o príncipe seja tão prudente que saiba evitar os defeitos que lhe arrebatariam o governo e praticar as qualidades próprias para lhe assegurar a posse deste, se lhe for possível. De vilania em vilania, colocadas no papel, Maquiavel construiu a reputação de fundador da ciência política, liberando a política da ética.

O movimento Ética na Política demonstra uma evolução clara da sociedade. O Rotary propugna pelo reconhecimento do mérito de toda a ocupação útil e a difusão das normas de ética profissional. A ética pessoal deve ser constante, bem como a de um grupo de pessoas, e praticada a todo instante, como forma de comportamento, caracterizando o modo de atuação para dirimir as dúvidas e conciliar os conflitos ou interesses em causa, relativamente às atitudes assumidas.

É forçoso que a sociedade se torne mais democrática e mais livre à medida que prevaleçam os valores morais e éticos. Na época da fundação do Rotary, no começo do século 20, havia um enfraquecimento moral, e Paul Harris tinha consciência de que algo deveria ser feito para que os valores ainda existentes pudessem ser preservados – e, a partir deles, a sociedade pudesse ser restaurada. Esta foi a grande cruzada que o Rotary passou a encetar em cada comunidade, através do exemplo de seus quadros na conduta, na moral e nas profissões, divulgando as normas da ética profissional. Como dizia Sheldon, “o rotariano deve comportar-se de tal forma que seus métodos justifiquem a confiança de seus companheiros e do público em geral”.

Quatro perguntas
A época em que vivemos está moralmente confusa. Diariamente, nos deparamos com as mais difíceis situações, para cuja solução devemos tomar atitudes éticas. O Rotary fornece-nos uma ferramenta com a qual devemos trabalhar diariamente: a Prova Quádrupla. É a verdade? É justo para todos os interessados? Criará boa vontade e melhores amizades? Será benéfico para todos os interessados?

Vamos colocar a Prova Quádrupla em nossa mesa de trabalho. Com ela, será mais fácil, com certeza, tomarmos posições e atitudes éticas, e divulgar a imagem do Rotary. Precisamos estar atentos no sentido de revitalizar os procedimentos éticos entre os profissionais, entre os trabalhadores e as autoridades públicas para que seus códigos de ética sejam obedecidos e praticados, e que não passem a servir apenas de escudos para proteger profissionais ineficientes.

Também vemos com satisfação que na vida pública recente do país os dirigentes estão sendo chamados a prestar contas de atos pouco éticos, quando a sociedade se mobiliza para alertá-los e cobrá-los, fazendo valer os princípios morais para que, em pouco tempo, tenhamos uma sociedade mais coerente, mais honesta, mais digna e mais honrada.

* O autor é Júlio César Malinverni. Advogado, professor de direito da Universidade Planalto Catarinense e associado aoRotary Club de Lajes, SC, ele foi o governador 1981-82 do distrito 4740. Este artigo foi originalmente publicado na edição de julho de 1993 da Brasil Rotário. Foto: stock.XCHNG

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