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Por trás das imagens vencedoras
Ganhadores do Concurso Cultural Rotary em Foco, promovido pela Brasil Rotário, falam de seu amor pela fotografia, contam os bastidores dos trabalhos inscritos e dão suas dicas para se conseguir um bom clique
Rafaela Legnaghi: jovem catarinense de 18 anos ganhou o primeiro lugar com uma comovente imagem do amor entre mãe e filho
Apesar de muito jovem, você faz um trabalho maduro, de quem tem experiência e pensa a linguagem fotográfica. Há quanto tempo você fotografa?
Fotografo desde os 14 anos. Sempre fui apaixonada por fotografia, mas demorou muito para eu ganhar minha primeira câmera compacta. Eu e o meu avô materno, que considero pai, dividíamos o sonho de viajar num fusca fotografando. Em novembro de 2010 ele adoeceu repentinamente e faleceu. Um mês depois de sua morte, minha família descobriu que ele havia deixado um certo valor numa conta bancária. Como no pedido, com esse dinheiro minha avó comprou uma câmera um pouco melhor para mim. Com esse equipamento, de um valor sentimental imensurável, realizei inúmeros trabalhos.
E o que aconteceu desde então?
Sempre busquei por referências no mundo da fotografia e isso me ensinou muito. Ao mesmo tempo em que estudava, numa escola pública do município, eu fotografava eventos e realizava trabalhos voluntários. Colaborei e ainda colaboro com a Apae de Garuva. Logo depois, fui chamada para trabalhar num dos jornais impressos da cidade. Logo depois do jornal, trabalhei num site de notícias e atualmente trabalho numa rádio, a Máxima FM. Nunca deixei de lado meus desejos, concluí o ensino médio e passei no tão esperado vestibular. Cursei até o primeiro semestre do superior de tecnologia em fotografia na cidade vizinha de Joinville, já que Garuva ainda não conta com uma universidade. Minha rotina era cheia e cansativa, mas nunca deixei o voluntariado de lado. Cada dia que passa sinto que preciso mais disso. Eu amo meu trabalho, amo ouvir, escrever, retratar histórias. Ainda pretendo dedicar-me inteiramente ao voluntariado e à arte, só e simplesmente.
Você explicou que conhece o trabalho do Rotary na sua cidade e já fotografou algumas ações dos rotarianos.Como é esse convívio e como você ficou sabendo do concurso?
Meu patrão, o senhor Alcir Michels, um dos donos da rádio em que trabalho, é rotariano. Foi ele quem me mostrou a página do concurso na revista do Brasil Rotário. Como já trabalho algum tempo com notícia, sempre estive presente nos eventos realizado pelo Rotary Club de Garuva. Já que é um município pequeno, ainda existe o costume de tomar café na padaria e ler o jornal, sentar no banco da praça e conversar sobre o que aconteceu no final de semana. O trabalho do Rotary é importante e todos daqui reconhecem e comentam sobre isso.
O que você busca numa fotografia e que dica daria a alguém que gostaria de se desenvolver nessa área, seja profissionalmente, artisticamente ou mesmo por lazer?
Talvez essa seja a pergunta mais difícil. Bem, eu não sei se busco algo, eu só me deixo levar. Já registrei muitos momentos tristes, de dor, mas também já tive o prazer de retratar pessoas com histórias lindas de superação. Eu nunca sei ao certo, mas eu amo sair do trabalho e ir para os bairros mais carentes do município. Gosto de entrar no meio do campinho e me aproximar daquelas crianças descalças, soltando pipa, perguntar sobre suas rotinas e seus sonhos, muitos já mofados. Com a fotografia eu penso em mudar as situações difíceis, não sei se existe a possibilidade, mas eu gostaria muito que as pessoas vissem alguns dos meus retratos juntamente com os relatos e pensassem mais no próximo, em dar a mão para aquele que dorme num colchão na beira da rua ou pede uma moeda no sinaleiro. Eu não apenas tiro foto, eu busco realmente ajudar da melhor maneira, sem me importar se alguém está me olhando ou achando engraçado. Para finalizar: é como se cada retratado me desse um pedaço de si – uma história, uma lição, um sorriso – e ficasse impregnado, colado no que eu sou. Isso vai me mudando aos poucos, me tornando mais humana, eu acredito. Os fotografados me presenteiam. Sempre.
Algumas pessoas já me fizeram essa mesma pergunta e a minha resposta não passa de um “Não sei”. Sabe, só posso falar sobre o que eu sinto e olhe lá. A fotografia na minha vida é algo único, não sei bem como tudo aconteceu, mas me tem a feição do maravilhoso. É um sentimento inexplicável, que quase nem cabe no peito. É algo que nasceu comigo; ao longo dos anos foi crescendo e me acompanhando em cada momento meu. Impressionante o quão necessito disso hoje. Eu respiro fotografia. Minha única dica, para não deixar de responder a sua pergunta é, que se dediquem ao que lhe faz suspirar, sonhar alto e ir dormir sorrindo. Caso seja a fotografia, que não priorizem o equipamento e que fotografem com a alma, sempre.
O que te inspira além da fotografia?
A existência. Ouço, escrevo, relato, retrato, amo, sou histórias – um pedacinho de cada. A existência por si me inspira.
A foto que você fez do senhor Roberto Buttke e da dona Sofia tem uma grande carga emocional. Como você fez essa aproximação e como foi partilhar da intimidade entre mãe e filho num momento tão delicado?
Bem, o senhor Roberto nos chamou para fazer um agradecimento especial ao Rotary. Enquanto ele nos contava sobre a sua mãe, começou a alimentá-la. Foi num piscar de olhos que fiz a foto, eles nem perceberam, só depois que eu mostrei eles viram que registrei o momento. Fiquei tão encantada com tudo que vi, com aquele amor que move montanhas, sabe? Realmente só tenho a agradecer – por tudo, por todos e pela minha vida.
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Qual é a sua relação com a fotografia e há quanto tempo a senhora fotografa?
Amo imortalizar momentos. Sempre fotografei competições de esportes a motor, como motocross, supercross e fórmula truck, entre outros. E desde que criei o projeto Ideia Fixa, há 10 anos, que promove educação, cultura, saúde e distribuição de doações em comunidades carentes, passei a fotografar também as pessoas envolvidas no projeto e suas reações.
Como ficou sabendo do concurso?
Pela Brasil Rotário. O companheiro Otacílio Andreatta Lemos, presidente do meu clube, incentivou a minha inscrição.
Fale um pouco sobre o instante fotografado e a situação que havia em torno das meninas quando o clique foi feito.
Este instante foi muito mágico! Doei um kit que continha três livros de histórias infantis, folha de atividades, pasta plástica, chocolates, creme dental e escova. Me surpreendi ao ver a menina maior abrir a caixinha do creme dental, colocar na escova e falar para a irmã: “Vamos deixar seus dentes limpinhos” – e nem ligou para as outras coisas num primeiro momento.
Esta foi a primeira vez em que a senhora enviou uma foto do seu clube à Brasil Rotário?
Sempre envio fotos à revista, pois sou a presidente da Comissão de Imagem Pública do meu clube. Mas mesmo antes de assumir este cargo enviava os releases com fotos.
Que dica a senhora daria pra quem quer produzir uma boa imagem com uma câmera fotográfica?
Envolva-se com a cena. A diferença de uma boa fotografia muitas vezes não está no equipamento, mas sim em quem está atrás dele.
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Há quanto tempo o senhor fotografa?
Comprei minha primeira máquina aos 14 anos, ou seja, há quase 50 anos. Cheguei a trabalhar profissionalmente e fui premiado várias vezes na Inglaterra, onde morava. Deixei de trabalhar como fotógrafo há mais de uma década e agora só uso uma câmera digital que cabe no bolso, o que é bem mais conveniente.
Como o senhor ficou sabendo do concurso?
Li sobre o concurso na revista Brasil Rotário.
Fale um pouco sobre o instante fotografado e a situação que havia na sala entre a fisioterapeuta e a paciente naquele momento.
Como sou novo associado do Rotary Club de Sorocaba-Manchester, nosso presidente 2012-13, Gilson Roberto de Oliveira Lima, me levou para conhecer o hospital do Grupo de Pesquisa e Assistência ao Câncer Infantil (GPACI) e outros projetos humanitários do clube na comunidade. A fisioterapeuta Camila Esteves vem trabalhando junto com a Eluana de Lima Batista durante meses e está muito feliz com o progresso da jovem paciente. Percebia-se que elas tinham uma forte relação, de uma profissional e uma paciente com a garra de fazer tudo para se recuperar. Não existia nenhum senso de tristeza mas, sim, uma atmosfera de realização e esperança. (em 2012-13, o Rotary Club de Sorocaba-Mancheteser patrocinou a compra de todo o equipamento, instrumentos e mobiliário da sala de fisioterapia do hospital.)
Esta foi a primeira vez em que o senhor enviou uma foto do seu clube à revista?
Sim, foi a primeira vez.
Que dica o senhor daria a quem gostaria de produzir uma boa imagem com uma câmera fotográfica?
Em primeiro lugar, conheça bem os controles e menus da câmera para poder conseguir a melhor qualidade de imagem sem a necessidade de estar distraído com eles na hora de enquadrar a imagem. Em segundo lugar, tenha paciência. Não é sempre que a melhor composição aconteça num instante, e vale a pena esperar para que a iluminação esteja a melhor possível. Boa luz e sombra proporcionam uma terceira dimensão a uma imagem.
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