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Uma conferência na terra do chá

mai 4, 2018

Não resisto a falar direto da cidade de Colombo, no Sri Lanka, neste sábado, 17 de março, onde estou com minha esposa, Denise, representando o presidente Ian Riseley na conferência do distrito 3220, que é a casa de Ravi Ravindran, presidente 2015-16 do Rotary International. O trabalho é insano – serão, ao fim, 40 horas de avião para 66 horas em terra –, mas a experiência, gratificante. Dizem que passeio muito, no entanto o que conheço mesmo são quartos de redes de hotéis, todos similares.

O distrito 3220 tem 70 clubes e pouco mais de 2.000 rotarianos, com uma atividade rotária intensa. O seu clube mais antigo, o Rotary Club de Colombo, completará 90 anos em 2019 e é o beneficiário de um projeto de Subsídio Global da Fundação Rotária de 1,2 milhão de dólares. Já o distrito, que acumula 1,18 milhão de dólares em doações nos últimos cinco anos, recebeu 3,92 milhões de dólares no mesmo período em 49 projetos de Subsídios Globais. Um exemplo de conhecimento na montagem de financiamentos dessa natureza.

A conferência difere das brasileiras, mas atende os requisitos do Rotary International, nove horas de conteúdo programático. Não existe mesa diretora, mesmo havendo ali um ex-presidente do Rotary International no Colégio de Governadores Distritais. As saudações dos palestrantes são breves, com seus respectivos currículos publicados na programação, embora não sejam lidos pelo protocolo. Um governador explica que tal procedimento visa dinamizar a atenção da audiência. Mesmo sendo esta a minha 13ª experiência representando o presidente do Rotary, isso soa estranho a mim.

Confiro o programa: início às 8h30, término às 18h30. Nele constam 21 apresentações de cinco (sim, cinco!) a 20 minutos de duração. Tomado pela ironia tipicamente brasileira, penso: atrasaremos duas horas, aposto.

Aposto e erro. O governador palestrante naquele momento é o segundo monge budista governador do Rotary (a primazia cabe a um rotariano japonês). Com calma literalmente monástica, a conferência segue absolutamente dentro do horário. Os demais painelistas, entre os quais dois presidentes de companhias asiáticas, obedecem ao roteiro. Assim, todos os temas são abordados: Fundação Rotária, recursos hídricos, alfabetização, bolsas Rotary pela Paz e projetos dos clubes. Também as homenagens têm seu espaço, dedicadas aos rotarianos das primeiras conferências, aos presidentes de clube e ao Colégio de Governadores Distritais local – tudo isso feito com discrição e eficiência asiáticas.

Os intervalos são breves e o almoço, organizado no lobby contíguo à sala da conferência, dura exata uma hora. Apresentações intercaladas de danças típicas de três minutos aliviam a carga de informação rotária.

Depois, mais temas: lucro e responsabilidade social, situação de mulheres e crianças no país, juventude, o desafio do plantio de um milhão de árvores e um painel sobre um projeto de doação de equipamento hospitalar para um banco de válvulas cardíacas humanas.

No balanço final, ocorre um atraso de quinze minutos, pois houve a inserção de um fórum aberto de perguntas do público às lideranças.

Na conferência, dirijo-me ao público em três momentos, conforme o protocolo para o representante do presidente, mas não ouso ultrapassar um minuto sequer. Um dia exaustivo, mas pleno de informações e de amizade rotária. Estou diante de um povo sorridente, afável. “Namastê” [eu o saúdo], dizem-me.

Sairemos daqui com muito mais amigos, e esse é o pagamento do rotariano no seu trabalho de fazer o bem no mundo.

* O autor é Mário César de Camargo, curador 2015-19 da Fundação Rotária.

Para fazer comentários e sugestões sobre esta coluna, escreva para mario.cesar@graficabandeirantes.com.br

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