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Quem quer dinheiro?

jun 12, 2017

Não sou Silvio Santos, famoso por distribuir notas de 100 reais entre suas mesmerizadas fãs, nem a Fundação Rotária pretende aderir ao princípio franciscano de que “é dando que se recebe”. Mas o fato é que, como curador, sou corresponsável pela boa aplicação das verbas da Fundação, a contrapartida da captação. E a verdade é a seguinte: a Fundação tem verba para aplicar em bons projetos. O que falta são bons projetos. E bons parceiros.

Em nível global, 51 milhões de dólares serão “rolados” do orçamento da Fundação para o ano 2016-17 (na contramão das pedaladas fiscais, é dinheiro disponível não gasto). Acrescidos aos 183 milhões de dólares dos investimentos previstos, serão 234 milhões de dólares para investimento em projetos. Mesmo deduzidos os 120 milhões de dólares destinados à erradicação da pólio, é muita verba. Faria a delícia de alguns inquilinos de Brasília que conhecemos.

Em nível nacional? O mesmo quadro, na proporção. Em 11 de março, havia 3,56 milhões de dólares em Fundo Distrital de Utilização Controlada não utilizados em crédito para os distritos brasileiros. Para serem investidos em projetos que atendam aos quesitos do Plano Visão de Futuro, cuja palavra-chave é sustentabilidade.

O mais difícil é encontrar parceiros ou montar bons projetos?

Com a introdução do Plano Visão de Futuro, houve uma elevação no nível dos projetos, alçando os requisitos a patamares profissionais. A Fundação cansou de enviar auditorias para equipamentos novos que, dois anos depois, ainda estavam nas caixas, por falta de infraestrutura nos hospitais que deveriam beneficiar. Por infraestrutura entenda-se desde prédio sem autorização para operar até falta de técnicos para instalar o equipamento. Não muito diferente de alguns programas da mídia retratando o estado da saúde pública em nosso país.

Um exemplo de sucesso do Brasil, o primeiro que tive o orgulho de relatar para o Conselho de Curadores, propondo a aprovação, foi o projeto GG 1637115, para a Santa Casa de Montes Claros, MG (distrito 4760), no valor de 128.800 dólares da Fundação, para um total de 296.700 dólares. Como o projeto excedeu 100 mil dólares da Fundação, coube ao Conselho de Curadores aprová-lo, o que foi conseguido por mérito do projeto. Mas esse foi apenas o primeiro passo.

É uma tremenda responsabilidade para o distrito garantir a implantação desse projeto com sucesso. Desenhada para beneficiar anualmente mais de 2.000 pacientes de toda a região recuperando-se de derrames cerebrais, a iniciativa inclui equipamento, treinamento, publicidade e transporte. Implicará o envolvimento dos oito clubes da cidade, com maciça responsabilidade dos rotarianos locais, a administração da Santa Casa, a divulgação em rádio, jornal e TV locais, além do envolvimento da agência de desenvolvimento regional e do Samu.

Sustentabilidade é isso: avaliação correta, participação dos clubes locais, agências relacionadas, treinamento do pessoal técnico, monitoramento por rotarianos e comunidade, divulgação e conscientização, investimento prioritariamente local.

Não é distribuir dinheiro a granel, mas investir solidamente em projetos que, uma vez desconectados da Fundação, ainda sirvam à comunidade por muito tempo.

* O autor é Mário César de Camargo, curador 2015-19 da Fundação Rotária.

Para fazer comentários e sugestões sobre esta coluna, escreva para mario.cesar@graficabandeirantes.com.br

(Mensagem de junho de 2016)

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