Clubes em Ação

Voltar

ACERVO

Voltar

NOTÍCIAS

Precisamos conversar sobre isso

set 2, 2019

Uma grave questão de saúde pública, o suicídio mata 800 mil pessoas por ano, mas continua sendo um tabu

Márcia guarda a hora exata em que falou com a filha pela última vez: 9h21 da manhã de um domingo, 21 de novembro de 2018. Elas moravam em bairros vizinhos na cidade de São Paulo e se falavam todos os dias por telefone. No início
do ano passado, Isabela, de 21 anos, decidira morar com a namorada, começara a cursar matemática e fazia aulas de bateria.

“Tudo bem com você, filha?
“Está tudo bem.”
“Então eu vou aí te ver. Estou com saudade.”
“Não, mãe, não venha porque eu cheguei muito tarde, de madrugada, e estou com dor de cabeça. Vou tomar um remédio e dormir.”
“Está bem. Vamos fazer assim: tome o remédio, descanse e, quando acordar, me ligue para eu ir aí te ver.”
“Tá bom.”

Márcia Sacchi perdeu sua filha para a depressão cerca de meia hora depois. Isabela, que tinha um temperamento independente e resoluto, não permitiu que sua mãe notasse a luta que se travava em seu interior. “Eu perguntava e ela sempre dizia: ‘Está tudo bem’.” De acordo com a Organização Mundial da Saúde (OMS), a cada 40 segundos uma pessoa se suicida no mundo. São 800 mil óbitos por ano, o que ultrapassa a soma global de homicídios (464 mil, em números do Global Study on Homicide 2019) e de mortos em guerras (89 mil, pela mesma fonte). Trata-se da segunda principal causa de morte entre pessoas com idade entre 15 e 29 anos. Nessa faixa etária, ele é suplantado apenas pelos acidentes de trânsito. Além disso, para cada suicídio, há mais de 20 tentativas.

Considerando-se os gêneros, em termos mundiais, para cada mulher que se mata, há dois homens que fazem o mesmo (na média global, são 13,5 e 7,7 mortes por 100 mil habitantes na população masculina e feminina, respectivamente). Embora as tentativas entre as mulheres sejam de duas a quatro vezes mais frequentes, os homens são mais propensos a usar meios letais. Também merece destaque o fato de que, em 2016, 79% dos suicídios ocorreram em países pobres ou em desenvolvimento.

No Brasil, o Sistema de Informações sobre Mortalidade, do Ministério da Saúde, revelou 106.374 óbitos por suicídio entre 2007 e 2016. No ano de 2016, foram registradas 11.433 mortes dessa natureza, significando uma taxa de seis óbitos anuais por 100 mil habitantes. A estimativa atual é de 12 mil ocorrências por ano.

“Podemos pensar em uma epidemia silenciosa não só a questão do suicídio, mas a questão dos transtornos mentais em geral, que têm aumentado muito nos últimos anos”, diz Karen Scavacini, psicóloga e psicoterapeuta com mestrado em saúde pública na área de promoção da saúde mental e prevenção ao suicídio. Ela é idealizadora e coordenadora do Instituto Vita Alere, de prevenção e posvenção do suicídio.

* Leia a matéria na íntegra na edição de setembro da Revista Rotary Brasil (digital ou impressa).

 

NOTÍCIAS

Share This