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Paul Harris

fev 1, 2018

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No mês em que o Rotary comemora 113 anos, trazemos uma mensagem especial de seu fundador, Paul Harris, publicada na edição de fevereiro de 1947 da revista The Rotarian [a publicação mãe da organização]. O texto é importante não só por ter sido o último – o autor havia falecido em 27 de janeiro daquele mesmo ano –, mas por também conter uma reflexão: de como uma ideia posta em prática em 1905 se expandiu pelo planeta.

Os quarenta e dois anos do Rotary

Dando uma olhada nas minhas mensagens de aniversário passadas, tive a impressão de já haver coberto cada parte do todo, de que já falei tudo o que sabia. Então me veio à mente que eu havia omitido a pergunta que os rotarianos me fazem com maior frequência: “Quando você criou o Rotary, imaginava que ele se tornaria algo parecido com o que é hoje?”

Minha resposta a essa questão é: “Não”. Meus pensamentos naquele dia, 42 anos atrás, quando o primeiro clube se reuniu pela primeira vez, estavam bem longe disso. Lembrando a resposta de Andrew Carnegie [empresário e filantropo] a uma adorável senhora que lhe perguntou se não achava que seu trabalho era inspirador: “Não, madame, acho que ele foi mais suado do que inspirado.”

Assim foi no Rotary. Não houve um início por inspiração. Jovens executivos, a maioria do interior, acorreram em resposta ao meu chamado. Desentrosados com a vida de cidade, nos reunimos para nos ajudar e fazer amizades. Sentíamo-nos solitários e havíamos encontrado uma cura para a solidão. Ansiávamos pelas reuniões como um viajante em um deserto anseia por um oásis. Abolimos o “senhor” e usávamos os primeiros nomes. Silvester Schiele sugeriu fotos na nossa lista de associados e a leitura de jornais sobre nossos respectivos negócios. Harry Ruggles contribuiu com músicas durante as reuniões.

Meu projeto para o nosso clube era que apenas um membro de cada ramo de negócio seria elegível para admissão. Dessa forma, poderíamos desfrutar do companheirismo, assim como nos ajudar em nossas respectivas áreas de atividade. O clube cresceu aos trancos e barrancos, e representantes de diferentes nacionalidades, religiões e convicções políticas foram chegando. A total tolerância prevalecia.

Nossa paz e tranquilidade, porém, logo chegou a um limite. Cansamos de nos contentar com isolacionismo e começamos o Serviço à Comunidade, construído sobre os alicerces do companheirismo e da boa vontade, e essa base nunca foi abalada. O Rotary se tornou conhecido como uma influência benéfica na cidade de Chicago.

Quase simultaneamente, iniciei uma campanha para criar Rotary Clubs em outras cidades. A maioria dos associados considerou que isto era uma fantasia além dos limites da razão. Então segui adiante sozinho, embora com a simpatia de todos. É uma questão histórica como o clube Número Dois foi organizado em São Francisco, como o Rotary atravessou a fronteira do Canadá até Winnipeg, e então cruzou o oceano até as Ilhas Britânicas, onde se tornou uma influência por toda a extensão britânica. Chegou a vez de Cuba e, finalmente, o Rotary se espalhou pelo mundo.

Se eu fui o arquiteto, Chesley R. Perry foi o construtor. A ele devem ser creditados mais resultados do que a qualquer outro homem. Membro do clube de Chicago, ele foi eleito secretário da Associação Nacional de Rotary Clubs quando esta foi formada em 1910. Ele serviu, como meus leitores bem o sabem, como secretário do Rotary desde então até 1942, e nesse meio tempo fundou e tem editado esta revista. E então vieram homens como o falecido James W. Davidson, do Canadá, que com seu compatriota Coronel L. Layton Ralston, “plantou” o Rotary nos antípodas. Posteriormente, quando a saúde e as forças de Jim [James] estavam fraquejando, ele passou três anos completando a difusão do Rotary para muitas outras terras. Depois de fazer seu relatório para o Conselho Diretor do Rotary International, em Chicago, Jim retornou ao Canadá e lá faleceu.

O Rotary se desenvolveu com dificuldade, por meio de um trabalho de sacrifício de homens que se dedicaram incansavelmente. Ele agora segue de maneira miraculosa. Seu companheirismo faz com que homens peguem suas camas (conscientemente doentes, às vezes, acredito) e caminhem antes de interromper a presença nas reuniões dos Rotary.

Mas o Rotary executa também serviços inestimáveis de inúmeras outras maneiras. Vejam como ele está espalhando conhecimento nas Nações Unidas, onde a própria civilização está em jogo. Como o Rotary poderia agir de outra forma? Os delegados estão reunidos para promover a compreensão internacional e a boa vontade. Este é o âmago dos ensinamentos do Rotary. Rotarianos estavam entre os membros de 20 delegações e eram coordenadores de sete delas no encontro das Nações Unidas em São Francisco. Mais poder, mais poder para ti, meu amado Rotary!

Deve-se lembrar que 1905, ano do nascimento de Rotary, não estava longe dos tempos das carroças. E agora estamos na era dos aviões e da quebra do átomo, e o Rotary ainda está aí. Por exemplo, Phil Lovejoy, o competente sucessor de Ches Perry, pode pegar um avião em Chicago, pousar em Londres, visitar vários clubes, e estar de volta à sua mesa em uma semana!

Não, senhores rotarianos, eu não imaginei em 1905 um movimento mundial com 6.000 clubes e 300 mil homens. Quando um homem planta uma pequena muda no início da primavera, pode ter certeza que algum dia ali crescerá uma poderosa árvore? Ele não precisa contar com chuva e sol e o sorriso da Providência? Quando ele vê o primeiro broto, então, aí sim, ele pode começar a sonhar com a sombra.

Paul Percy Harris

Fundador e presidente emérito do Rotary International

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