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Os cinco desafios da Fundação Rotária (2ª parte)

nov 13, 2015

Retomando o tema da coluna anterior, volto a abordar os cinco desafios que, na minha ainda limitada visão, moldarão o futuro da Fundação Rotária. O primeiro é a erradicação global da pólio e o segundo, a definição do novo programa institucional do Rotary.

3º desafio: Sustentação financeira. Como integrante do comitê conjunto de Finanças do Rotary International e da Fundação Rotária, tenho acesso a dados privilegiados sobre projeções financeiras futuras das duas organizações. Para um orçamento total de 316 milhões de dólares para este exercício, 270 milhões virão de subsídios e outras receitas, sendo 44 milhões de rendimentos financeiros. Isto para uma despesa projetada de 276 milhões de dólares, sendo 228 milhões aplicados em programas, e o saldo dividido entre operações e despesas dos programas, inclusive para levantamento de fundos. Um problema: o valor previsto para as contribuições em 2016 é de 130 milhões de dólares, um recorde, mas o fundo Polio Plus e as contribuições da Fundação Gates somam 97 milhões de dólares, um valor que desaparecerá com a erradicação da pólio. O programa Polio Plus custa 125 milhões de dólares por ano, portanto gera um déficit considerável. Outra incógnita é o valor dos rendimentos projetados sobre aplicações: apresentam uma volatilidade incrível, de 164 milhões de dólares de rendimentos negativos no pós-crise em 2009, até 120 milhões de dólares de rendimentos positivos em 2012. Projeções nessa área têm se revelado pantanosas, para mais ou para menos.

4º desafio: Parcerias estratégicas. Há também um comitê específico para desenvolver parcerias estratégicas. Temos excelentes ativos para apresentar: ubiquidade, voluntariado, história, comprometimento. Nossa avaliação segundo a Charity Navigator, uma entidade que classifica ONGs americanas, é quatro estrelas, com nota de finanças 90 em 100, transparência e prestação de contas 97 em 100. Mas estamos juntos com outras 2.511 entidades com as mesmas quatro estrelas. Nosso patrimônio, apesar de superar um bilhão de dólares dois anos antes do centenário da Fundação Rotária, é modesto: a Fundação Ford tem 11,2 bilhões de dólares; a Gates, 42,3 bilhões e a Bloomberg, 4,24 bilhões, só para citar alguns exemplos. Algumas dessas fundações estão sendo contatadas pelo time do Rotary International, mas nem sempre somos o mais atrativo parceiro para essas entidades, em função da multiplicidade de nossos programas, da força de voluntários (algumas entidades preferem ONGs com trabalhadores pagos), ou da exigência de foco específico (a Fundação Coca-Cola prefere projetos de formação financeira e profissional e fortalecimento das mulheres).

5º desafio: Participação dos clubes e esgotamento dos fundos. Um dos objetivos do Plano Visão de Futuro era o aumento do tamanho dos projetos, pela falta de profissionais para acompanhá-los. Conseguimos. Passamos de 4.000 para 1.078 projetos anuais, além de 6.300 projetos de Subsídios Distritais. Mas o sucesso dos programas e a crescente adesão de clubes podem esgotar o orçamento: Subsídios Globais receberam 71 milhões de dólares em 2015-16, uma média de 65 mil dólares por projeto. E se 5.000 clubes aderirem? Seriam quase 330 milhões de dólares, extrapolando nosso orçamento. Portanto, um desafio a superar com arrecadações crescentes.

Por fim, cito um ditado de Abraham Lincoln: “A melhor forma de predizer o futuro é criá-lo”. Para isso estamos com foco no futuro da Fundação Rotária. Vamos criar um futuro de sucesso para nossa organização.

* O autor é Mário César de Camargo, curador da Fundação Rotária.

Para fazer comentários e sugestões sobre esta coluna, escreva para mario.cesar@graficabandeirantes.com.br

Tags: Rotary, Rotary International, Fundação Rotária, curador da Fundação Rotária

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