Clubes em Ação

Voltar

ACERVO

Voltar

Colunistas

Ocupação útil, a base de tudo

out 2, 2017

Quando comecei a participar do Rotary, em 1988, todo final de mês o meu clube convidava algum profissional da nossa cidade para prestar um reconhecimento à sua atuação.

Lembro que convidamos um carteiro chamado Ligeirinho, assim conhecido pelo fato de que era sempre o primeiro a terminar sua tarefa. Ligeirinho havia mapeado uma pequena favela, dando nomes às vielas, identificando as casas e também nomeando os recebedores das cartas.

Ninguém tinha acesso àquela favela. A polícia tinha receio de entrar durante o dia, imagine à noite. Pois não é que o Ligeirinho fez amizades dentro daquela comunidade, teve sua entrada liberada e com isso pôde fazer seu trabalho?

Quando recebeu o reconhecimento do nosso clube, um companheiro fez um discurso muito bonito. “Esse jovem profissional fez com que muitas pessoas pudessem ter sua dignidade de volta”, ele disse. “Imagine-se morando num lugar que não é encontrado? Onde não se pode receber nem enviar notícias à família, passando a viver isolado e na maior carência de tudo? No Paraná, ainda existem 250 mil endereços iguais àqueles. Ou seja: rua sem nome, casa sem número”.

Ao agradecer, Ligeirinho declarou surpreso: “Nossa, nunca imaginei que uma coisa tão fácil de fazer fosse tão importante… Fico muito feliz de estar aqui e receber essa homenagem. Isso me motiva a falar para os meus companheiros de trabalho da importância do nosso serviço, e tenho certeza de que nós não vamos deixar ninguém mais ficar sem correspondência nesta cidade”. E concluiu: “Além disso, nós vamos encontrar pessoas para escrever as cartas de quem ainda não sabe escrever”.

Veja que, por meio de uma pequena homenagem, podemos aprender a conhecer mais de perto as nossas comunidades. O Ligeirinho é uma fonte de informações inesgotável para mapearmos as necessidades dos lugares onde vivemos e atuamos. Ele está dentro da comunidade, participa dela.

O Rotary que eu vejo deve ser feito com simplicidade, com muito companheirismo e muita cumplicidade com os mais carentes. No entanto, além de reconhecermos os profissionais de fora da nossa organização, não podemos esquecer que os próprios Rotary Clubs e seus associados também estão comprometidos com os Serviços Profissionais e altos padrões éticos em todas as suas ações.

Isso está resumido no Objetivo do Rotary, em nossos valores (serviços humanitários, companheirismo, diversidade, integridade e liderança), na Prova Quádrupla e no Código Rotário de Conduta – e se aplica por toda a rede mundial de Rotary Clubs e rotarianos.

Para o Rotary International, como entidade corporativa, sua filosofia de responsabilidade social pode ser resumida pelo nosso comprometimento em manter a transparência em governança, administração responsável de recursos financeiros, cuidados com o meio ambiente e práticas trabalhistas justas.

E no seu clube? Vocês já perguntaram quem são os Ligeirinhos de sua comunidade? Se ainda não o fizeram, perguntem. São os Ligeirinhos que fazem e ajudam o Rotary a fazer a diferença.

* O autor é Paulo Augusto Zanardi, diretor 2017-19 do Rotary International.

Para fazer comentários e sugestões sobre esta coluna, escreva para zanardi4730@gmail.com

Share This