Clubes em Ação

Voltar

ACERVO

Voltar

Colunistas

O Rotary chora ou vende lenço?

ago 11, 2020

Completo hoje 220 reuniões nas telas de computador, com retângulos substituindo contato físico, apresentações interrompidas por choro de bebê ou alguém ralhando da cozinha. De outra forma, no entanto, não conseguiria participar numa mesma noite do Seminário de Treinamento de Presidentes Eleitos das Bahamas e da fundação de clubes, ou fazer viagens aos distritos de Mendoza, Pernambuco e São Paulo.

Paulatinamente, aprendemos o uso das ferramentas digitais, suas vantagens e desvantagens. Apesar de estarmos inovando e nos flexibilizando mais por pressão externa do que por compasso interno, certamente avançamos. O Rotary continua funcionando. Como prova disso, listo recentes decisões do Conselho Diretor nas reuniões de junho e julho de 2020:

1 – O endosso à decisão dos curadores de constituir o meio ambiente como área de enfoque da Fundação Rotária. Para os sul-americanos, com 30 anos de atraso, a novidade significa um resgate do programa Preserve o Planeta Terra, do presidente Paulo Viriato. Pesou na decisão a pesquisa efetuada entre quatro públicos-alvo: rotarianos, rotaractianos, alumni e profissionais de fora do Rotary. À exceção dos rotarianos, o meio ambiente foi a causa motivadora número um das outras audiências. Ao modernizar a agenda da Fundação, o Rotary se renova e se aproxima dos jovens e de seus temas.

2 – A resolução, também reforçando a decisão dos curadores, de conceder recursos dos projetos de Subsídios Globais aos Rotaracts, uma sugestão do meu tempo de curador de ligação com esse comitê em Evanston. O Rotary começa a agir concretamente no empoderamento do Rotaract, seguindo a determinação aprovada no Conselho de Legislação de 2019. Não há forma mais sólida de mostrar confiança do que outorgando recursos. Caberá aos Rotaracts responder à altura do desafio com robustez jurídica, responsabilidade financeira e capacidade de planejamento e execução.

3 – Como é (ou deveria ser) do conhecimento dos rotarianos, nosso foco é o combate à Covid-19, esforço que já drenou 22 milhões de dólares dos fundos da Fundação. Dos 310 distritos que submeteram o formulário para a concessão dos 25 mil dólares, sem contrapartida, 110 ficaram sem recebê-los num primeiro momento dado o esgotamento dos recursos de auxílio a catástrofes. Pois o Conselho Diretor direcionou 2,75 milhões de dólares do orçamento do Rotary (fruto das economias advindas da impossibilidade de viagens, despesas com hotéis, consultorias e refeições) aos cofres da Fundação. Com essa medida, todos os distritos que protocolaram a solicitação receberão as verbas.

Além dessas boas notícias no plano global, também ocorreram novidades alvissareiras na zona sul-americana. Para se contrapor ao vendaval de más notícias, com mais de 74 mil mortes provocadas pelo novo coronavírus até meados de julho, o Rotary insiste na sua agenda positiva. Para citar algumas das boas novas:

  • A parceria entre o Rotary no Brasil e o projeto Todos pela Saúde, firmando a doação de 4,5 milhões de reais para ações de testagem, treinamento e encaminhamento de infectados nos asilos levantados pelos 31 distritos brasileiros. Somados aos 3,2 milhões de reais doados pela Fundação Rotária e a projetos emparceirados de Subsídios Globais, o investimento do Rotary em iniciativas de combate à pandemia no Brasil já superava 8,5 milhões de reais em 15 de julho.
  • Como consequência, temos visto uma projeção de imagem pública sem precedentes para o Rotary, incluindo aí uma reportagem com o rotariano Humberto Silva, gestor do projeto Corona Zero, no programa Fantástico, da Rede Globo, e uma entrevista comigo no quadro Solidariedade, do Jornal Nacional, assistido por 55 milhões de espectadores – além de inúmeras reportagens positivas de atuação local e regional dos clubes, que são as verdadeiras engrenagens do Rotary.

Gosto de citar filósofos e pensadores. Mas agora vou recorrer a um adágio popular, típico dos para-choques de caminhões Irmãos da Estrada (denúncia evidente da idade) e que meus governadores 2019-20 e 2020-21 escutaram além do suportável: “Enquanto alguns choram, outros vendem lenços”. Nós, rotarianos, vendemos lenços.

* O autor é Mário César de Camargo, diretor 2019-21 do Rotary International.

mario.cesar@graficabandeirantes.com.br

Share This