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O centenário da Fundação

jun 13, 2017

Arch Klumph aludiu em 1928, numa Conferência Distrital em Indiana, EUA, ao fato que provavelmente o inspirou a criar um fundo de dotação: ao morrer, Frederick Harris Goff, um milionário norte-americano de Cleveland, deixou sua fortuna para a recém-criada The Cleveland Foundation, a primeira fundação municipal dos EUA. Ele não quis monumentos de mármore ou granito, mas de benefícios, segundo suas palavras.

Anos antes, na Convenção do Rotary de 1917 em Atlanta, Klumph havia proposto a criação de um Fundo de Dotação para o Rotary. O Rotary de Kansas City, seguindo o costume de alguns outros, enviou ao presidente do Rotary um presente de fim de gestão. O valor da sobra do dinheiro do presente foi de 26,50 dólares, que os rotarianos do clube pediram que fossem depositados no Fundo de Dotação sugerido por Klumph.

Cem anos depois, a captação prevista para o ano rotário de 2016-17 é de 312 milhões de dólares, sendo 228 milhões de dólares aplicados em projetos. O Fundo Permanente, atualmente com ativos da ordem de 1,2 bilhão de dólares, tem como objetivo atingir 2,025 bilhões dólares no ano 2025.

Há fundações mais abastadas do que a nossa. A Fundação Ford com 11,2 bilhões de dólares, a Bill & Melinda Gates com 42,3 bilhões de dólares e a Bloomberg com 4,24 bilhões de dólares superam a Fundação várias vezes em patrimônio. Todavia, qual fundação tem a participação de 1,2 milhão de associados que ao mesmo tempo contribuem e despendem os valores dos projetos?

Na curva ascendente, os valores de captação. Na curva descendente, as ocorrências de poliomielite no mundo: de 365 mil casos anuais para menos de 20. Notando que há uma forte correlação entre estas duas curvas: uma permite a construção da outra.

Em 1980, a Comissão 3-H recomendou a meta de erradicação da pólio para 2005, centenário do Rotary. Na época, as campanhas de imunização se desenvolviam em cada país, sem uma visão global. Carlos Canseco mudou esse enfoque durante a sua presidência do Rotary. Uniu-se ao médico pesquisador Albert Sabin para defender a imunização em massa, única forma de proteger as crianças de forma abrangente. Em 1986, chefes de Estado reuniram-se em Nova York para celebrar os 40 anos da ONU, e o Rotary foi escolhido como orador representando as 600 organizações não governamentais presentes. Ali foi anunciado o plano de arrecadação de 120 milhões de dólares para o fim da pólio. Detalhe: não havia um centavo no banco para respaldar tal promessa. Dois anos depois, na Convenção do Rotary na Filadélfia, EUA, anunciou-se que a captação atingira 220 milhões de dólares.

Mudou-se o projeto de Polio 2005 para Polio Plus, indicando que além do financiamento da vacina, oferecia-se gerenciamento, captação, apoio político e voluntários em mais de 100 países.

Seguiram-se marcos históricos: em 1994, o Hemisfério Ocidental é declarado livre da pólio. Em 2000, o mesmo ocorre com o Pacífico Ocidental. Em 2002, a Europa segue o mesmo caminho. Em 2012, a Índia não registra nenhum novo caso, e em 2014 o sudeste da Ásia também se livra da doença na forma endêmica.

Ficamos restritos a dois países, e, na última semana, a três: Afeganistão, Paquistão e Nigéria. Pois, infelizmente, neste país da África dois novos casos foram anunciados no dia 11 do mês passado, evidenciando a necessidade da manutenção das políticas de vacinação em massa. Até aquela data, havia apenas 19 registros da doença, limitados ao Paquistão e Afeganistão.

Um antigo comentarista de futebol dizia, na sua sabedoria simplista e redundante: “O jogo só acaba quando termina”. Este é o compromisso do Rotary com a erradicação da pólio: só acabaremos quando registrarmos o último caso. Esperamos que coincida com o centenário da Fundação Rotária, em 2017.

* O autor é Mário César de Camargo, curador 2015-19 da Fundação Rotária.

Para fazer comentários e sugestões sobre esta coluna, escreva para mario.cesar@graficabandeirantes.com.br

(Mensagem de setembro de 2016)

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