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O centenário da Fundação e a pólio – parte 1

jun 13, 2017

Em abril de 1979, o presidente Clem Renouf voltava de uma viagem a Chicago quando leu uma reportagem da Organização Mundial da Saúde sobre a erradicação da varíola, ao custo de 100 milhões de dólares. Telefonou ao governador de distrito e médico infectologista John Sever, à época diretor de doenças infecciosas do Instituto Nacional de Saúde dos EUA, e perguntou se havia alguma doença que o Rotary pudesse ajudar a erradicar.

Em 16 de maio daquele ano a resposta chegou: “Se uma única vacina deve ser selecionada para o programa 3H, deve ser contra a poliomielite”. Estava dado o primeiro passo para o envolvimento do Rotary no combate a um mal que, em 1985, atingia anualmente 350 mil pessoas, principalmente crianças, mas que em janeiro último foi responsável por apenas 16 casos.

Vários campeões se sucederam na implementação do programa, iniciado em 1985 como Polio 2005, posteriormente Polio Plus, com destaque para o médico pesquisador Albert Sabin, pai da vacina, e o médico mexicano Carlos Canseco, presidente do Rotary International naquele ano.

Os números da pólio são gigantescos pelas dimensões da doença. Desde 2000, 2,5 bilhões de crianças foram imunizadas no mundo; 160 milhões de crianças foram vacinadas em um único Dia Nacional de Imunização na Índia; hoje, 15 milhões de crianças andam graças ao Rotary; e houve uma economia de 27 bilhões de dólares advinda da redução da carga nos sistemas de saúde. Foram 1,3 bilhão de dólares de doações de rotarianos para o programa, e mais de 14 bilhões de dólares levantados junto a instituições como a Organização Mundial da Saúde, os governos da Alemanha, Japão, EUA e países da Escandinávia pela influência de líderes rotarianos.

Como atestam nossas celebridades – que no Brasil somam Isabeli Fontana, o jogador Pato e a cantora Ivete Sangalo, entre outros –, Falta só isto. A última ocorrência de pólio se deu em 26 de abril, no Paquistão, como atesta boletim recebido da Comissão Internacional Polio Plus, que passo a integrar neste novo ano rotário.

O filósofo francês Voltaire disse: “Não existe acaso”. Talvez tenhamos perdido a marca de erradicação da pólio no centenário do Rotary em 2005, como sonhava Canseco, por uma razão além da compreensão humana. A coincidência, que para o filósofo inexistia, aponta para a erradicação da doença em 2017, justamente no centenário da organização que a colocou como meta, a Fundação Rotária.

Certamente esse futuro não estava nos planos de Arch Klumph, por mais visionário que fosse esse presidente do Rotary International eleito para o período 1916-17 aos 44 anos. Na convenção de 1917, ele compartilhou sua visão de um fundo de dotação “com o objetivo de fazer o bem no mundo”, nosso lema desde a origem. Fez mais: propôs a criação de estatutos para todos os Rotary Clubs, desenvolveu o conceito de distrito, estabeleceu a criação do cargo de governador distrital e criou o plano para as conferências distritais anuais.

Mas isso já é o início da próxima matéria.

* O autor é Mário César de Camargo, curador 2015-19 da Fundação Rotária.

Para fazer comentários e sugestões sobre esta coluna, escreva para mario.cesar@graficabandeirantes.com.br

(Mensagem de julho de 2016)

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