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Modernizar é preciso

out 1, 2019

Juntamente com Portinari, Burle Marx e Ceschiatti, o arquiteto Oscar Niemeyer projetou a Igreja de São Francisco, na orla do lago da Pampulha, em Belo Horizonte. A igreja levou 17 anos para ser sagrada porque, no mural atrás do altar, são Francisco estava acompanhado não por um lobo, como diz a história, mas por um cachorro bem brasileiro. A modernidade incomodava os valores tradicionais.

Em 1968, morávamos nos Estados Unidos e acompanhávamos a luta dos negros pela igualdade de direitos, o movimento hippie em Greenwich Village, a luta pela liberação sexual e a desesperança quanto ao futuro causada pela Guerra do Vietnã. Tínhamos uma vizinha que chegou descontrolada em nossa casa e disse: “Pedi ao meu filho que usasse drogas porque ele tem data marcada para lutar e morrer no Vietnã”. Total desalento quanto ao futuro.

Naquele mesmo ano, o Rotary se modernizava com a fundação do primeiro Rotaract, passando a oferecer aos jovens uma esperança por meio das conexões para o servir. Quatro anos depois, foi criado o Interact.

Há 30 anos, foi aprovado o ingresso da mulher no Rotary. Em alguns países, esta prática ainda não é aceita porque, em algumas culturas, a modernidade incomoda os costumes.

Cinco décadas depois de 1968, num contraponto à teoria da “modernidade líquida”, de Zygmunt Bauman, o Rotary convidou 60 líderes do Rotaract para participarem, em janeiro deste ano, da Assembleia Internacional de San Diego, encontro em que é realizado o treinamento dos governadores distritais. Poucos meses depois, em abril, o Conselho de Legislação aprovou os Rotaracts como associados do Rotary – e, com isso, modernizou o desenvolvimento do quadro associativo e, por conseguinte, a nossa Fundação Rotária.

Desejamos que não leve um tempo enorme para que o Rotaract venha a funcionar sem restrições em nenhum programa, e com força total. Na Fundação Rotária e na Associação Brasileira da The Rotary Foundation, os rotaractianos são bem-vindos para assumir com independência o levantamento de contribuições e desenvolver projetos como os Subsídios Globais.

Sabemos que algumas definições ainda devem ser desenhadas, dentre elas o valor de cotas per capita e as certificações para programas da Fundação Rotária. Em quase todas as partes do mundo, os jovens já atuam fortemente, até mesmo usando Rotary Clubs como pontes para ações de grande interesse pela paz mundial – dentre as quais destacamos o apoio e a integração de parte dos 60 milhões de refugiados de guerra e sua participação, principalmente a feminina, na vacinação contra a pólio no Afeganistão e no Paquistão.

O Rotary precisa se aperfeiçoar? Não: basta se modernizar!

* O autor é Hipólito Ferreira, curador 2019-23 da Fundação Rotária.

hipolito@paineira.eng.br

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