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Marcos do primeiro centenário

jun 13, 2017

Tenho sido convidado por reuniões de ex-governadores e Conferências Distritais para falar sobre o centenário da Fundação Rotária. Como todos sabem, esse aniversário deveria coincidir com a erradicação mundial da pólio. Em março, quando escrevo esta mensagem, contamos dois casos no Afeganistão e dois no Paquistão. Não é uma batalha para eliminar uma doença: é uma guerra contra a ignorância política, a logística infernal, o ódio tribal, o preconceito contra as mulheres, o conflito religioso, o desafio de barreiras naturais. Uma tarefa para o Rotary, para testar todos os nossos valores, fazendo o bem para o mundo.

O sonho começou há 100 anos, lançado por um rotariano visionário de Cleveland, Arch Klumph, presidente do Rotary em 1916-17. Ele sabia que o melhor legado não seria uma estátua em bronze ou granito, mas a mente das pessoas. Defendeu a criação de um fundo humanitário na Convenção de 1917.

Pouco tempo depois, o Rotary Club de Kansas City doou 26,50 dólares, saldo do presente que tradicionalmente ofertava ao presidente de saída. O começo não foi fácil. Ex-presidentes do Rotary que viam na Fundação uma ameaça ao trabalho dos clubes nas comunidades eram resistentes à ideia. Levou 30 anos para que ela recebesse um fluxo considerável de recursos, o que aconteceu por ocasião da morte de Paul Harris, em 1947, quando 1,3 milhão de dólares foram arrecadados em 18 meses. Foi negada a Klumph uma sala com secretária pelo então secretário-geral Ches Perry, uma evidência das agruras que ele suportou para consolidar a ideia. Portanto, não desanime com seus projetos de clube. Eles não levarão 30 anos, mas testarão sua paciência e resiliência.

Com o ingresso de recursos, a Fundação promoveu seu primeiro programa: as bolsas educacionais. Foram selecionados 19 estudantes, tendo sido 18 efetivamente contemplados, os pioneiros no programa que completa 70 anos. Vieram depois os intercâmbios profissionais, em 1965, e posteriormente os Subsídios Equivalentes, que permitiram o emparceiramento clube a clube, alavancando os recursos da Fundação Rotária.

Uma oportunidade surgiu com os Subsídios 3H, com a doação de 760 mil dólares para um programa de vacinação em Manila, nas Filipinas. Foi a origem do Polio Plus, que se tornou programa corporativo do Rotary durante a g estão de Carlos Canseco, médico mexicano que presidiu a organização em 1984-85. Junto com Albert Sabin, ele disseminou o conceito de vacinação em grande escala.

Fomos desafiados a arrecadar 120 milhões de dólares em três anos para cumprir o objetivo, de 1985 a 1988. Na Convenção de 1988, o número de 247 milhões de dólares levantados por rotarianos de todo o mundo surpreendeu os parceiros da iniciativa, mormente a Organização Mundial de Saúde. O Rotary era um parceiro a ser tomado seriamente.

Nestes mais de 30 anos, o número de casos caiu de 350 mil para os atuais quatro. Sete bilhões de dólares ainda serão necessários para completar a tarefa até o orçamento de 2020, com 5,76 bilhões de dólares já assegurados.

Há 100 anos fazemos o bem no mundo. Continuaremos a fazê-lo pelo próximo século.

* O autor é Mário César de Camargo, curador 2015-19 da Fundação Rotária.

Para fazer comentários e sugestões sobre esta coluna, escreva para mario.cesar@graficabandeirantes.com.br

(Mensagem de abril de 2017)

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