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Havia vacina contra a pólio, mas não fui vacinado

mar 25, 2021

 

Em 1975, antes de completar cinco anos de idade, fui vitimado pela chamada paralisia infantil, a poliomielite, que causou sequelas nas minhas pernas e são perceptíveis pelo meu andar claudicante e falta de desenvolvimento da musculatura dos membros inferiores. Todavia, escondidas dos olhos de terceiros, há mais marcas dolorosas e definitivas.

Como eu era criança, a decisão pela vacinação cabia ao meu pai. Influenciado pelo “conselho” de um conhecido cujo filho adoecera, acabei não sendo levado para receber a vacina contra a pólio. Desconheço as causas da enfermidade da outra criança; se ela já estava infectada antes de a vacinarem, ou se ela, de fato, recebeu a vacina na dose, com a qualidade e dentro do período preconizados pela medicina.

Quanto a mim, ao não ser imunizado, sei que, inquestionavelmente, fiquei exposto a um vírus que, naquela época, vitimava milhares de pessoas. Nessas mais de quatro décadas, não há um dia sequer em que eu não veja no meu corpo as consequências da infeliz decisão. Estou vivo e bem, mas seria hipocrisia da minha parte não registrar que a opção correta teria sido me vacinar. Meu pai tudo fez para que eu tivesse o melhor tratamento na capital mineira, porém mesmo o elevado gasto financeiro e a indescritível dedicação dele não foram suficientes para me livrar da grave deficiência física que tira de mim o gozo pleno da liberdade de ir e vir, haja vista os incontáveis obstáculos e barreiras que enfrento.

AMOR AO PRÓXIMO

Desde os cinco anos de idade, só consigo andar graças a um aparelho ortopédico que uso em uma das pernas. Nesse período, muitas foram as quedas, ferimentos, privações e dores. Ainda assim, jamais deixei de agradecer por poder me movimentar, pois sei que houve muitas vítimas fatais da pólio e há várias pessoas que se encontram em uma cadeira de rodas ou sobre uma cama, impossibilitadas de qualquer locomoção.

A vacina contra a poliomielite erradicou essa grave enfermidade do Brasil e em praticamente todo o mundo [atualmente, há apenas dois países endêmicos para o poliovírus selvagem: Paquistão e Afeganistão]. Todavia, mesmo com as campanhas, o elevado investimento público e as doações efetuadas por clubes de serviço como o Rotary, as metas de imunização não vêm sendo cumpridas nos últimos anos, o que abre oportunidade para o retorno dessa e de outras doenças. Ignorar a ciência ou abandonar as recomendações das autoridades de saúde quanto ao que seja melhor para todos nós significa ficar vulnerável ou expor quem amamos a danos irreversíveis, múltiplos e irreparáveis.

Que este testemunho e as feias sequelas da paralisia que me atingiram por não ter sido imunizado contra a pólio sejam exemplos para que a população perceba a importância da vacinação contra a Covid-19, que já vitimou mais de 2,5 milhões de pessoas em todo o planeta.

Aqui em casa, não vemos a hora de podermos receber uma das vacinas aprovadas pelos órgãos públicos competentes e recomendadas pela comunidade médica – também pretendemos levar nossas filhas para serem vacinadas. Trata-se de uma questão de saúde pública, segurança e de melhor qualidade de vida! E de amor a si e ao próximo!

* O autor é Charles Rodrigues Luís, advogado que nasceu e reside na cidade mineira de Francisco Sá. Este depoimento nos foi sugerido por Daiane Gomes da Silva, associada ao Rotary Club de Francisco Sá (distrito 4760).

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