Colunistas
Flexibilizar
No passado, alguns Rotary Clubs queriam mostrar mais rigorismo que outros num afã de evidenciar sua lealdade ao pensamento da organização. Em nosso formato de visitas oficiais, longas e cheias de conteúdo, Marilene se reunia com as Casas da Amizade para debater serviços à comunidade e planejar uma marcante atuação na Conferência Distrital. Como governador de distrito no período 1985-86, por toda uma tarde eu conferia o crescimento do quadro associativo do clube visitado, a regularidade de suas obrigações e avaliava com a assembleia a possibilidade de se criar mais um clube na área – o que resultou na fundação de dez novos Rotary Clubs, sete Rotaracts e seis Interacts.
Durante uma das visitas oficiais em uma cidade mineira, aconteceu algo inusitado: o jantar seria servido em duas mesas paralelas, sendo uma só de mulheres e outra de homens. Questionamos ao presidente do clube se não seria melhor reunir os homens e as mulheres, mas ele, inflexível, resistia, argumentando que aquilo era uma tradição que não poderia ser quebrada. É bem verdade que, naquela época, a mulher ainda não tinha sido admitida como associada do Rotary e aparecia sempre numa paralela, sob o abrigo da Casa da Amizade. Apesar disso, não abrimos mão e fomos direto ao ponto, dizendo que, se ele insistisse naquele “apartheid”, estaria transformando a característica de Família do Rotary, de modo inaceitável, num grupo sem rosto.
Agora, temos o Plano de Ação, que aponta flexibilizar, adaptar e expandir nosso alcance como algumas das prioridades do Rotary. Somos uma organização humanitária global que se esforça para construir um mundo melhor por meio de pessoas que se unem e entram em ação, valorizando a diversidade, sem discriminar idade, religião, etnia, sexo, orientação sexual e identidade de gênero.
Com objetivo de flexibilizar os Subsídios Globais neste momento trágico de pandemia, os curadores da Fundação Rotária aprovaram a redução da contrapartida mínima do parceiro internacional de 30% para 15% – e ainda estabeleceram o meio ambiente como nossa sétima área de enfoque.
Em consonância com o que foi aprovado no Conselho de Legislação de 2019, em sua reunião de junho deste ano os curadores flexibilizaram e valorizaram o Rotaract com as seguintes decisões:
1 – A partir de 1º de julho de 2022, o Rotaract poderá patrocinar projetos de Subsídios Distritais e Subsídios Globais.
2 – Os rotaractianos tiveram confirmado seu direito aos reconhecimentos Menção por Serviços Meritórios e Prêmio por Serviços Eminentes.
3 – Os curadores mantiveram sua elegibilidade para participar das Bolsas de Estudo, Bolsas Rotary pela Paz e das Equipes de Formação Profissional.
A grande notícia veio da Organização Mundial da Saúde, declarando a poliomielite erradicada no continente africano, onde não ocorreu nenhum caso da doença nos últimos três anos. A conquista vale como um prêmio para os rotarianos, que trabalharam incansavelmente por ela ao longo das últimas décadas. Por outro lado, essa novidade é também um convite para que façamos nossa contribuição à iniciativa End Polio Now. O Rotary abre oportunidades para que sejamos sócios nessa missão, e somente aqui ele não vai flexibilizar, pois esse é um compromisso que assumimos com todas as crianças do mundo.
* O autor é Hipólito Ferreira, curador 2019-23 da Fundação Rotária.