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Falta dinheiro, falta parceiro ou falta projeto?

jun 12, 2017

Nas minhas andanças pelo Brasil, no intervalo entre uma viagem e outra a Chicago para reuniões de comitês, sou questionado sobre a dificuldade em se obter retorno para projetos de clubes. Principalmente após a adoção do Plano Visão de Futuro, que “endureceu” as regras para a concessão de subsídios, agora globais.

Na realidade, o Plano Visão de Futuro adotou regras mais profissionais para a aprovação dos projetos. Fatores como levantamento das necessidades da comunidade (muitos Rotary Clubs “achavam” que sabiam do que a comunidade precisava), sustentabilidade (depois de desligarmos o financiamento, o projeto tem vida própria?) e envolvimento de rotarianos e profissionais de entidades parceiras nas iniciativas foram introduzidos na análise. Demandará tempo para os distritos aprenderem a montar projetos, e por isso tenho aconselhado os governadores a estruturarem Equipes de Consultores Técnicos – as Cadres – em seus distritos. A formação de especialistas em projetos foi fundamental para países como Uganda e Guatemala gozarem de alto índice de aprovação de pedidos de subsídios, enquanto o Brasil patina.

O tripé parceiro-dinheiro-projeto forma a essência para se obter retorno sobre as contribuições do Brasil à Fundação Rotária ou à Associação Brasileira da The Rotary Foundation (ABTRF). Nesse desafio os protagonistas são os coordenadores da Fundação Rotária, Hugo Dórea e Paulo Augusto Zanardi, aparelhados para treinar o pessoal na montagem dos projetos de Subsídio Global. Como curador, que deve ter um olhar estratégico sobre a situação, o quadro assim me parece:

– Projetos: o principal desafio no nível distrital. À mesa da Fundação Rotária, não tenho visto grandes projetos brasileiros, que demandem mais de 100 mil dólares de subsídios, portanto da alçada do Conselho de Curadores. Há projetos menores, mas seria uma satisfação, na gestão como curador, ver iniciativas de grande impacto e abrangência oriundas de distritos brasileiros.

– Parceiros: os coordenadores, o diretor José Ubiracy e eu mesmo podemos servir como elo entre distritos para fins de emparceiramento. Já estabelecemos contato com distritos da Índia e do norte e do sudoeste americano para projetos brasileiros, nos distritos 4420 e 4490. Não podemos prometer fácil obtenção de parceiros, pois a disputa pelo orçamento doador é competitiva, mas tudo começa com um projeto bem redigido e estruturado. Além do relacionamento pessoal, que é o grande acelerador dos projetos no Rotary.

– Dinheiro: os 38 distritos brasileiros têm 3,564 milhões de dólares de Fundo Distrital de Utilização Controlada (FDUC) não utilizados, segundo dados de 14 de março de 2016, em relatório recebido do RI Brazil Office e de Evanston. Isso significa dinheiro parado, aguardando projetos, variando entre os 12.325 dólares do distrito 4720 e os 341.405 dólares do distrito 4420. Todos os distritos brasileiros, sem exceção, têm saldo disponível para investir em projetos. Lembrem-se: esses 3,5 milhões de dólares, emparceirados, tornam-se 14 milhões de dólares.

Portanto, mãos à obra! Se os brasileiros não utilizarem esse capital, multiplicando seu investimento, os rotarianos dos demais países irão fazê-lo. E não vale choramingar sobre a dificuldade de fazer projeto.

* O autor é Mário César de Camargo, curador 2015-19 da Fundação Rotária.

Para fazer comentários e sugestões sobre esta coluna, escreva para mario.cesar@graficabandeirantes.com.br

(Mensagem de abril de 2016)

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