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Esporte rima com educação e cidadania

jun 24, 2016

“Essa é a minha terceira academia. Eu conheço bem o que é estar em uma, estar em outra… Estar aqui hoje significa estar em uma família, porque o Força Jovem não significa apenas lutar dentro de um tatame, ganhar sua medalha e ir embora. Aqui nós olhamos a parte física, psicológica e espiritual”, explica Leonardo Braga. Ele é um dos jovens integrantes da equipe Força Jovem Judô, projeto que tem recebido o apoio do Rotary Club do Rio de Janeiro-Mercado São Sebastião, RJ – responsável por mobilizar o distrito 4570 e outros 17 clubes cariocas. Os treinamentos ocorrem no São Cristóvão de Futebol e Regatas.

Décio Luís Escudero, presidente 2015-16 dessa unidade do Rotary, conta que ouviu do treinador de judô João Miranda em um dos primeiros contatos: “Vocês chegaram na época perfeita”. Naquele momento, estava faltando até água para os atletas. O Força Jovem, hoje com cerca de 300 participantes, contempla principalmente as comunidade da Barreira do Vasco, Tuiutí, Mangueira e as localizadas no bairro do Caju.

Esta iniciativa esportiva, contudo, não é a única nem a primeira apoiada pelo Rio de Janeiro-Mercado São Sebastião. Tudo começou na comunidade Kelson’s, no Complexo da Maré, onde um projeto de taekwondo vinha dando um novo horizonte a crianças e adolescentes. “Trata-se de uma comunidade totalmente esquecida pelos projetos das ONGs e governos, que preferem se dedicar à região próxima à Linha Amarela”, avalia Décio. A situação de vulnerabilidade social dos alunos de taekwondo daquela comunidade pode ser medida pelo apelido de um deles: Bala Perdida. O Rio de Janeiro-Mercado São Sebastião passou a apoiar a iniciativa há uns 10 anos, inclusive por meio de subsídios, que permitiram a aquisição de equipamentos. “Alguns clubes querer apenas criar projetos. Você pode até criá-los, mas depois é necessário mantê-los. Nós, do Mercado São Sebastião, procuramos apoiar projetos já existentes há algum tempo, não um projeto que tenha surgido ontem. Nós nos informamos se ele é sério, e então o apoiamos”, declara.

Com o sucesso das turmas de taekwondo, que hoje tem 30 atletas treinando semanalmente, veio um pedido de ajuda para um projeto de caratê na Cidade Alta, comunidade também da Zona Norte. Novamente o Rotary Club levantou um subsídio, comprou tatames e equipamentos. Resultado: cerca de 80 atletas estão sendo beneficiados.

“O que eu ganho com isso? A satisfação de ver uma mãe agradecer pelo apoio. E ver um menino que há três anos andava armado de fuzil no morro e agora está treinando”, resume Décio.

Jiu-jítsu e boas notas

Na cidade de Lençóis Paulista, SP, foi o jiu-jítsu que inspirou um projeto social. A ideia surgiu no início de 2013 dentro da equipe Liberty, que compete nesta modalidade de luta. Para concretizar o projeto, porém, faltava espaço físico e equipamentos para treinamento dos interessados da comunidade local. E foram os jovens do Rotaract de Lençóis Paulista (distrito 4310), alguns deles integrantes da Liberty, que deram a solução. Eles organizaram o evento Noite do Botequim, constituído por shows de bandas e venda de comidas e bebidas, para levantar a verba necessária, obtendo ainda o patrocínio de algumas empresas. Com essa primeira conquista, 32 quimonos foram comprados. E quanto aos instrutores para projeto? Bem, eles são voluntários supervisionados pelo professor João Paulo Vaiente, todos os quais integram a própria equipe Liberty, que, por sinal, doou o tatame. O Rotary Club local entrou na história cedendo o espaço. Assim, desde 27 de agosto de 2013, sempre nas segundas e quarta-feitas, às 19h, as aulas de jiu-jítsu vêm ocorrendo – beneficiando atualmente 30 atletas, entre crianças e adolescentes. Detalhe importante: os atletas devem tirar boas notas na escola para continuarem treinando.

O Galpão Cidadão

Lavras, MG, sedia outro projeto bem sucedido. Na cidade funciona o Galpão Cidadão, um centro comunitário sem fins lucrativos que oferece diversos cursos gratuitos, dentre eles o de caratê. E foi nesse curso que, há dois anos, duas atletas despontaram. Carolina Moraes, que integra a seleção brasileira de caratê, e Maria Viana sagraram-se, respectivamente, campeã brasileira na modalidade universitária em kumite (combate) e vice-campeã em kata (forma) no Campeonato Brasileiro de 2014 – realizado em Brasília, no Ginásio Nilson Nelson, em 16 a 19 de outubro, e reunindo 1.578 competidores. E o papel do Rotary? Ele tem sido importante na medida em que os rotarianos do clube de Lavras-Sul (distrito 4560) apoiam a Fundação Padre Dehon, responsável pelo Galpão Cidadão.

Faltam instrutores de esporte nas escolas

As iniciativas de rotarianos e rotaractianos brasileiros na área do esporte não servem apenas ao resgate social. Elas suprem uma carência das nossas escolas, que deveriam gerar o primeiro contato sistemático de crianças e adolescentes com as modalidades esportivas. Mas uma pesquisa do IBGE de 2012 com alunos do 9º ano do ensino fundamental revelou que em apenas 52,2% das escolas os estudantes contam com um instrutor para orientação das atividades físicas. Muito por conta disso, menos de 30% dos alunos da rede pública ou privada atingem 300 minutos semanais de exercícios, que é o tempo recomendado pela Organização Mundial da Saúde para crianças e adolescentes.

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