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Eita, diretor chato. Só pensa nisso…

nov 4, 2020

Os governadores distritais 2020-21, engrossados pelos governadores 2019-20, têm todo o direito de pensar (ainda que, por uma questão de gentileza, não o expressem abertamente): “Este diretor não tem outra pauta além do crescimento do quadro associativo?”.

First thing first, dizem os pragmáticos ingleses. Para uma organização que não cresce há um quarto de século, a despeito da alavancagem dos seus projetos humanitários, a prioridade parece óbvia: crescer para manter a força de trabalho, renovar o quadro associativo (também com gente mais jovem, mas, acima de tudo, com gente com menos tempo de Rotary), diversificar o ambiente, oxigenar as ideias, garantir o futuro.

Ao contrário do que alguns rotarianos pensam – e, como entidade democrática, o Rotary permite e incentiva o contraditório –, não se trata de aumentar o “faturamento” de Evanston. Ainda que experimentássemos um crescimento líquido de 20 mil associados no ano, isso significaria aproximadamente 1,4 milhão de dólares de receitas anuais – para um orçamento de 120 milhões de dólares. Quando se sabe que a assembleia de treinamento de governadores custa 5,63 milhões de dólares, e os reembolsos a eles perfazem 9,5 milhões de dólares, o aumento de associados não representa um desespero do departamento de Finanças em curto prazo – mas reforçar nossos recursos humanos em longo prazo. Lições aprendidas na última reunião do Conselho Diretor, realizada em setembro:

1 – Os países onde o Rotary floresceu nos primórdios – Estados Unidos, Inglaterra, Canadá e Austrália – experimentaram expressiva queda no número de associados. Estados Unidos e Canadá tinham 32% do quadro associativo mundial em 2010, baixando para 28% em 2020. Por outro lado, a Ásia cresceu de 26% para 32% no mesmo período. A América Latina permaneceu em 8% na década;

2 – No período passado, de julho de 2019 a julho de 2020, dos dez países com os maiores contingentes de rotarianos, somente três cresceram: Índia (com 2.625 novos associados), Brasil (361) e Alemanha (325);

3 – Entre os 15 países que mais cresceram, o Brasil obteve a oitava posição. Índia, Nigéria, Filipinas, Bangladesh, Uganda, Quênia e Grécia ficaram à frente, mostrando que o crescimento está no Sudeste Asiático e na África Subsaariana;

4 – As mulheres representam 24% dos rotarianos, 23% dos governadores e 35% dos diretores. Agora temos uma presidente mundial para 2022-23: Jennifer Jones. Ainda assim, há clubes que não aceitam mulheres. Respeito a cultura de cada clube, mas hoje é difícil manter o quadro associativo sem a inclusão feminina;

5 – Na pesquisa realizada com mais de 1.500 ex-rotarianos, 25% alegaram custo e comprometimento de tempo excessivo como motivos para a saída; 29% culparam a cultura e o ambiente do clube; e 14% indicaram expectativas não correspondidas. O diretor e os governadores podem agir na fundação de clubes, mas o ambiente e a expectativa frustrada são responsabilidades do próprio clube;

6 – O Rotary somente tem crescido em âmbito mundial, fato que vale para o Brasil e a América do Sul, em virtude da criação de clubes. No Brasil, 242 clubes fundados nos últimos cinco anos agregaram 4.434 rotarianos. No mundo, as quatro regiões decrescentes mencionadas anteriormente perderam, em termos líquidos, 369 clubes entre 2016 e 2020, enquanto as zonas que experimentaram crescimento ganharam, líquidos, 792 clubes no mesmo período. Não precisamos de muitos argumentos para fundamentar que, seja em escala global, seja em escala local, o crescimento ocorre por meio de novos clubes.

Para dezembro, um alívio: falaremos da Fundação Rotária. Ufa!!!

* O autor é Mário César de Camargo, diretor 2019-21 do Rotary International.

mario.cesar@graficabandeirantes.com.br

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