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Dez conselhos para líderes do Rotary em sete minutos

abr 19, 2021

Companheiros, não é miojo, mas são pensamentos instantâneos para guiar sua trajetória como líderes do Rotary em 2021-22. Ou em 2022-23, 2023-24 e assim por diante. Chamá-las-ei de pílulas de gestão rotária.

1 – Seja como a Bíblia prescreve: quente ou frio, jamais morno. Você recebeu uma tarefa, uma missão, oportunidades de liderar pessoas do seu nível. Não as desperdice, gestando mediocremente, sem paixão, sem compromisso, cumprindo tabela. É efêmero, agarre o dia, como dizia o poeta Robert Frost. Logo você será apenas mais um retrato na parede. O que restará é o que você deixou nos outros, não para os outros.

2 – Seja empático: o verbo síntese do Rotary é servir. Para tanto, você precisa abstrair do que lhe é mais vital: seu ego. Tente colocar-se de forma empática, no lugar do outro. Raja Saboo, presidente 1991-92 do Rotary International, tinha o lema Olhe Mais Além de Si Mesmo. Pense nisso, pelo menos nesse ano. No próximo, você terá a chance de retornar ao velho egocentrismo, muitas vezes necessário para a subsistência humana.

3 – Seja convergente. O que nos une no Rotary é mais forte do que o que nos separa. Essa é uma lição frequentemente esquecida por líderes, que, por terem se dedicado durante um ano, pensam adquirir, no jargão moderno “lugar de fala”, o suposto direito de ditar regras. Pesquise sempre, num confronto, os pontos de convergência; eles sempre hão de existir. O bom líder une, não divide. Desconfie dos líderes que incitam confrontos; normalmente, têm uma agenda oculta.

4 – Seja flexível. Não se apegue demasiadamente às suas ideias, elas podem conduzi-lo ao fracasso. O mundo é dinâmico; este mundo pós-Covid-19, ainda muito mais acelerado. O que era dogma hoje já não se sustenta. Melhor ser o bambu, que acompanha os ventos, do que o carvalho, que é derrubado por eles. Não implica ser uma metamorfose ambulante, coerência é basal, mas acompanhar a evolução do comportamento humano é premente. Pergunte à Kodak.

5 – Seja acessível. Alguns líderes imaginam que o cargo lhes traz projeção, distanciamento, púlpito, lugares privilegiados à mesa. Rotariano é voluntário, você não tem o condão de demitir o mais humilde deles; ao revés, você depende deles para adimplir seu trabalho. Liderar é mais dever do que poder, e, não por acaso, o líder mais escuta do que fala, ainda que rotariano tenda a falar muito.

6 – Seja aprendiz. Falar, escutar, mediar, ponderar, convergir, resolver, responder. Se você não teve a oportunidade profissional de aprender a exercitar esses verbos, a gestão do distrito ou do clube certamente vai ensiná-lo. Desde que você esteja aberto ao aprendizado. Não conheço quem saiba tudo sobre o Rotary, aliás, não conheço quem saiba tudo mesmo sobre a própria profissão. Saiba aprender sobre o Rotary, suas histórias inspiradoras de servir, e saiba aprender o que esse ambiente pode lhe ensinar.

7 – Seja exemplo: suas palavras inspiram, suas ações arrastam. Você estará falando com líderes, não há ingênuos. A distância entre o discurso e a prática não sobreviverá a um seminário. Se você propuser aumento do quadro associativo, patrocine um novo associado. Se chamar para um aporte à Fundação Rotária, doe primeiro. A incongruência entre a fala e a ação é motivo de escárnio, e também da derrocada de muitos líderes rotários, que encaram o cargo como recompensa. Cargo é apenas um dever adicional, uma oportunidade de servir e dar exemplo.

8 – Seja diligente. Como dizia a professora do primário (antigamente, hoje nem sei mais): faça a lição de casa. Se marcar visita, cumpra. Se marcar um seminário virtual, compareça. Se lhe concederem sete minutos para fazer uma chamada inspirativa, como essa, não reclame: trabalhe. Os discursos mais curtos são os que mais demandam tempo para concluir, porque densos. Não recuse convites porque é longe, ou desinteressante, ou o clube é pequeno. Cabeças brilhantes existem em clubes de qualquer dimensão.

9 – Seja positivo. Líder rotário derrotista desconhece a história de Paul Harris, que, antes de fundar a instituição, foi de quase todas as profissões, das mais simples à de advogado. Nunca se deixou abater, e cada uma delas ensinou-lhe algo que serviu à instituição do Rotary. Resultados ruins são motivo para desafio, não desânimo. Conflitos são oportunidades para mediação, não polarização. Seus liderados são voluntários, não esperam mensagem de desalento, mesmo diante de dificuldades. Não lhes dê desculpa para abandonarem o Rotary.

10 – Seja feliz. O maior capital adquirido pelo líder rotário são as amizades, que, como o cartão de crédito de outrora, não têm preço. Amizades no mundo todo, sem interesse, partilhando dos seus valores, oportunidades de conectar-se globalmente e conhecer o mundo sob uma ótica de serviço. Encare como um desafio que o fará um ser humano melhor, mais feliz, mais completo. Senão, não vale a pena, e é melhor colocarem outro líder no seu lugar.

Aproveito o ensejo para seguir o conselho número dois: empatia. Como diretor, estendo meus sentimentos às famílias enlutadas das Zonas 23 e 24 pelas lastimáveis perdas de líderes rotários em função da Covid-19. No dia 11 de março, hoje, quando a pandemia completa um ano de decretação pela Organização Mundial da Saúde, manifesto minha dor pelos companheiros abatidos na luta contra a praga. Que as 2,6 milhões de mortes possam deixar um legado de maior solidariedade com o próximo.

* O autor é Mário César de Camargo, diretor 2019-21 do Rotary International.

mario.cesar@graficabandeirantes.com.br

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