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Desafios do segundo centenário (2ª e última parte)

nov 1, 2017

Na edição anterior, começamos a expor aqueles que, no nosso modesto entendimento, seriam os sete principais desafios da Fundação Rotária após a celebração de seu centenário. Destes sete, elencamos quatro que, basicamente, derivavam do compromisso assumido pelo Rotary perante o mundo para a erradicação da poliomielite: o fim do jogo, o próximo programa, o impacto da saída da pólio nas finanças da Fundação e a nova visão do balanceamento de rendimentos do patrimônio da Fundação visando à sustentabilidade dos programas.

Como afirmei na revista de outubro, esses sete desafios representam minha visão pessoal corrente. Nada impede que, ao fim de minha gestão como curador, em 2019, o aprendizado tenha-me ensinado outros mais que meu limitado conhecimento atual não permite antever. Por ora, os três desafios que completam a lista são os seguintes:

5º desafio: Envolvimento dos grupos de conhecimento e jovens nos programas da Fundação. Como espectador privilegiado, participo dos comitês que regulam as atividades dos Grupos Rotarianos em Ação e dos alumni, jovens que foram contemplados pela ação do Rotary em suas vidas (como ex-bolsistas, intercambistas, rotaractianos e interactianos). Estes são dois satélites de conhecimento e energia rotária ainda pouco aproveitados pelo Rotary e pela Fundação. Apenas 14 mil alumni tornaram-se rotarianos, perto de 5% do quadro de 292 mil jovens que se beneficiaram de algum programa patrocinado por nós. Um desafio que pode significar a materialização de um sonho nosso: reduzir a idade média do quadro associativo – e para o qual precisamos integrar, engajar e envolver essa população nos projetos de subsídios da Fundação. O mesmo vale para os grupos técnicos alojados nos Grupos Rotarianos em Ação, constituídos por rotarianos com um interesse comum. Prova disso é que, no deslanche dos projetos nas nossas seis áreas de enfoque, o principal motor de projetos de água e saneamento foi o Wasrag, grupo de ação com especialistas, engenheiros e técnicos que largaram na frente em termos de projetos bem elaborados.

6º desafio: Atingir 2,025 bilhões de dólares em 2025. A Fundação persegue o objetivo de autossustentabilidade financeira, com os programas de subsídios sendo pagos pelos rendimentos do Fundo de Dotação. Para isso, os curadores colocaram como meta dobrar o atual portfólio, de 1,1 bilhão de dólares para 2,025 bilhão em 2025. Isso significa um esforço brutal na área de levantamento de fundos, abrindo novas avenidas de patrocínio e captação. Uma delas, no ambiente econômico brasileiro pleno de adversidades, é a delicada questão dos legados, das heranças. O arcabouço jurídico americano, o mais desenvolvido no mundo rotário nesse quesito, contempla benefícios para a herança legada a fundações como a nossa. Há uma tradição de legar para a comunidade, algo novo no cenário brasileiro. Uma herança expressiva, dirigida pelo ex-governador Paulo Eduardo de Barros Fonseca, do distrito 4430, com uma doadora que deseja permanecer anônima, poderá ser o primeiro passo no sentido de mudar a visão do brasileiro com relação a esse sensível tema. O fato é que os rotarianos nunca hesitaram diante de desafios, e um objetivo tão claro será uma alavanca motivadora. Outro caminho recém explorado pela Fundação diz respeito à captação online, instrumento utilizado por outras fundações com bastante sucesso.

7º e último desafio: Desenvolvimento de parcerias. A poliomielite provocou impactos profundos na estrutura do Rotary e da Fundação Rotária: recursos, parcerias, governos, captação e logística. Enfrentamos desafios nunca imaginados em 1985, quando o programa se tornou corporativo. Algumas lições aprendidas servirão como farol para os próximos passos. Uma delas: temos a maior força de infantaria do bem do planeta, com 1,2 milhão de soldados capacitados e voluntários, além de doadores de tempo e dinheiro. Não temos ideia ainda do valor que trazemos para as comunidades, algo que o presidente Ian Riseley pretende levantar, respondendo a perguntas como: Quanto vale o tempo voluntário empregado pelos rotarianos nas suas comunidades?. De qualquer forma, os desafios são tão grandes que não podemos nos dar ao luxo de seguirmos sozinhos. Essa lição aprendemos com a pólio. Precisamos de parceiros que tenham patrimônio gigantesco (e eles existem às dezenas), mas que careçam de projetos, de mão de obra motivada e de administração respeitável. O Rotary e a Fundação Rotária têm isso. E o departamento de parcerias desenvolve relações com Google, Lufthansa, Smithsonian, Peace Corps, Coca-Cola, Cummins, Dell, Kellogg, entre centenas de contatos potenciais. Utilizaremos recursos dos rotarianos, mas também de parceiros que nos veem como elos com a comunidade e suas necessidades.

* O autor é Mário César de Camargo, curador 2015-19 da Fundação Rotária.

Para fazer comentários e sugestões sobre esta coluna, escreva para mario.cesar@graficabandeirantes.com.br

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