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Civilidade – quando a educação funciona

dez 9, 2012

Pode-se dizer que enquanto a moral trata do que é o bem e o que é mal, a ética trata do que é certo e errado. Isto significa que o que é certo para um, deve ser igualmente certo para todos. O Rotary International defende e propaga fortemente este preceito afirmando que a ética é um princípio que não pode ter fim e detalha em suas regras sua essência, na prova quádrupla: É a verdade? É justo para todos os interessados? Criará boa vontade e melhores amizades? Será benéfico para todos os interessados? Não se trata de palavras soltas, mas de um profundo conceito que, uma vez entendido e corretamente praticado, contribui para o crescimento da civilidade construtiva, ou seja, da capacidade dos membros de uma comunidade conviverem harmoniosamente, superando, entre si suas limitações.

Vilfredo Schürmann, economista, palestrante e velejador nos brinda com seu testemunho de viagem à Nova Zelândia (Revista Época de 19/03/2012) onde vivenciou importantes casos de civilidade. Como se sabe, a Nova Zelândia é um dos países menos corruptos do mundo, em uma escala onde o Brasil ocupa a 69ª posição. Pessoalmente, se considerarmos ao pé da letra o conceito de Ética, uma classificação desse tipo se mostra indevida, pois assim como não existe meia gravidez, não existe a relativização de comprometimento ético. Ou se é ético ou não se é ético, de forma intransigente é o que faz do Brasil um país de corruptos.

No artigo mencionado, o autor destaca que o poder judiciário da Nova Zelândia é motivo de orgulho para seus cidadãos e seus integrantes são respeitados. Certamente porque souberam construir uma respeitável imagem e serem reconhecidos por isso. Destaca ainda que naquele país, as pessoas vivem sem medo de serem assaltadas e quando alguém comete um delito é julgado e punido de forma exemplar e rápida, para que todos sintam a efetividade e presença da ação jurídica, o que se reproduz rapidamente nas atitudes mais simples e corriqueiras da vida comunitária. Na pequena vila de Opua, por exemplo, as frutas são vendidas em barracas à beira da estrada, não havendo ninguém para tomar conta delas. Apenas uma placa com os dizeres “Leve a sacola e deixe o dinheiro na caixa”. A caixa era de papelão e não estava presa ou acorrentada. Algo bem diferente do que diz nosso famoso samba: “Laranja madura, na beira da estrada, tá bichada, Zé. Ou tem marimbondo no pé”, versos que embutem a “esperteza do jeitinho brasileiro” que tanto malefícios nos proporciona.

Prosseguindo, cita a venda de jornais em Auckland, onde os mesmos são colocados sobre um caixote no meio da calçada, com uma caixa ao lado, onde o dinheiro para o pagamento e troco é mantido sob um peso de ferro. Pude ver isso em Zurich, em 1994, tanto para os jornais, como para as frutas e mais, onde o bilhete dos bondes elétricos é comprado, espontaneamente, nos caixas eletrônicos, nos respectivos pontos de embarque, o que elimina intermediários, cobradores, e mais, os fiscais e os seguranças, que em tudo encarece as atividades. Imagine o custo de uma escolta armada contratada para assegurar a entrega de um carregamento rodoviário de produtos. Algo que chega a valores de 12% do valor das mercadorias? Isso pode ser mais que o lucro líquido da própria atividade econômica, que será adicionado ao custo de distribuição e repassado ao preço. Se adicionarmos as dificuldades de infraestrutura, a corrupção burocrática e os elevados impostos, nós teremos um excesso de ônus devido a não qualificação, que se inicia na educação, perpassa nossos costumes e recaem na baixa condição de civilidade, onde todos são onerados, indistintamente.

Como sermos competitivos desse modo? Como se vê isto é mais que um discurso, ética e educação repercutem diretamente nos padrões de civilidade e na qualidade de vida. Só nos resta a pergunta: quem está levando vantagem?

* O autor é Alfredo Colenci Junior, associado ao Rotary Club de São Carlos-Norte (D.4540).

** Foto: Stock.XCHNG

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