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Arnaldo Niskier: devoto incansável da educação

jan 26, 2016

IMG_0795Para o professor e imortal da Academia Brasileira de Letras, a reformulação dos cursos de pedagogia é uma prioridade absoluta

Arnaldo Niskier descobriu bem cedo sua vocação profissional. O professor (formado em matemática e pedagogia), jornalista (com passagens pelo jornal Última Hora e pela revista e TV Manchete) e escritor (autor de mais de cem livros e imortal da Academia Brasileira de Letras) ainda não havia saído da adolescência quando decidiu que a sua vida estaria sempre ligada ao magistério. Hoje com 80 anos de idade, ele pode se orgulhar de alguns pioneirismos: foi precursor da matemática moderna e um dos responsáveis por inserir o ensino a distância no país, além de ter sido o primeiro secretário de Ciência e Tecnologia do país e construído o Planetário da Cidade do Rio de Janeiro. Ainda em atividade, Niskier é presidente do Centro de Integração Empresa-Escola (CIEE) do Rio de Janeiro, vice-presidente do CIEE Nacional e colabora semanalmente com jornais de todo o Brasil. Na entrevista a seguir, ele fala de educação e do trabalho como jornalista.

ROTARY BRASIL: O senhor diz que a sua vocação sempre foi uma carreira de professor, e desde muito novo percebeu isso.

ARNALDO NISKIER: Desde os 15 anos, quando comecei a dar aulas particulares de matemática.

Foi assim que o senhor descobriu a sua vocação?

Tomei gosto. É uma vocação acompanhada de outra, porque, aos 16 anos, comecei a fazer jornalismo esportivo no jornal Última Hora, levado pelo meu irmão mais velho. Praticamente desde os 15 ou 16 anos, exerci essas duas atividades, até hoje.

Estamos em um momento em que a educação parece estar com problemas especialmente críticos.

Não é só a educação, o país está passando por um momento crítico.

E a educação, muitas vezes, sofreu, mas como o senhor vê esse cenário de agora?

Triste, porque não vejo solução em curto prazo. Acho que o Brasil ainda não se preparou para dar à educação a prioridade devida. Quando trocaram o ministro da Educação, na semana seguinte ele recebeu a notícia de que foram cortados 9,4 bilhões de reais do orçamento dele. O sujeito fica de mãos atadas, ele tem que implementar o Plano Nacional de Educação e não tem recursos. É uma coisa realmente muito difícil, ou quase impraticável, que um gênio consiga fazer o que os ministros não têm conseguido, porque não há recursos, e não vai haver tão cedo.

Quais são os problemas mais urgentes na educação?

É o magistério.

A formação dos professores?

Formação e a remuneração dos professores. Acho que todos os países que estão à frente nesse processo, tipo Finlândia, Singapura, Taiwan, Coreia do Sul, tratam o professor com absoluta prioridade. Na formação, na remuneração e no prestígio social. Esse é um aspecto que não se pode esquecer nunca. O professor no Brasil não tem a sua autoestima considerada, então ele sofre de todos os lados.

O senhor não acredita que se possa resolver outras questões passando por cima dessa?

Não, essa é a prioridade número um, dois e três.

Gostaria de falar da sua experiência como jornalista. No livro Memórias de um sobrevivente, o senhor menciona que se dedicava ao jornalismo por necessidade, mas depois veio o gosto pela atividade. O que o levou a isso?

O trabalho fascinante. Ser jornalista é fascinante. Depois, trabalhei numa grande revista, a Manchete, que durante muitos anos liderou o ranking das revistas no Brasil, e era um prazer enorme estar dentro de uma coisa importante que era a revista, como foi depois a televisão. Também trabalhei nove anos na TV Manchete, fazia um programa aos domingos à noite, Debate em Manchete. Tinha uma repercussão muito grande. Quando você, como profissional, se sente útil, é a realização plena.

*A autora é Renata Coré, jornalista da Rotary Brasil.

** Foto: Luiz Renato D. Coutinho.

(A entrevista foi publicada na íntegra nas páginas 12 a 15 da edição de janeiro de 2016 da revista.)

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