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Apollo 11 e quadro associativo: nada a ver?

set 2, 2019

Você sabia que Neil Armstrong, o primeiro homem a pisar na Lua, em 20 de julho de 1969, há 50 anos, era associado honorário do Rotary Club de Wapakoneta, no Estado de Ohio? E ele não estava sozinho. Os astronautas Frank Borman, Gordon Cooper e Alan Shephard Jr. também eram rotarianos honorários – respectivamente, dos Rotary Clubs de Houston, Space Center (Houston), no Estado do Texas, e Derry, no Estado de New Hampshire. Portanto, apesar de sonhar com a Lua, os rotarianos sempre mantiveram os pés na Terra…. Bem, nem sempre.

Conseguiríamos realizar essa proeza hoje, em 2019? A tecnologia deu um salto, a capacidade de processamento dos computadores da Apollo 11 caberia num computador médio atual e o conhecimento estelar e planetário foi exponencializado. Mas o que dizer do fator humano e social?

Os jovens engenheiros millennials aceitariam o risco de algum erro e explodir o foguete, como ocorreu com a Apollo 1, em 27 de janeiro de 1967? Confiaríamos nas equipes de trabalho atuais, com aversão ao risco e às gestões autoritárias? Teríamos que montar equipes politicamente corretas? As mídias sociais não implodiriam o projeto diante do primeiro revés? O orçamento bilionário seria aprovado num mundo com tantas necessidades prementes?

Mas o diretor ensandeceu? O que isso tem a ver com o quadro associativo do Rotary?

O fato de que vários astronautas foram rotarianos é apenas sinal do prestígio que a instituição desfrutava junto aos líderes da comunidade. Tratava-se de um bônus colateral. A mensagem é de que, nos últimos 50 anos, a sociedade mudou visceralmente e nós, lideranças, temos que acompanhar essa tendência, agora numa velocidade em escala geométrica, e não mais aritmética.

Se não sintonizarmos a frequência da mudança, não superaremos o desafio de fazer o Rotary crescer, proposto pelo presidente Mark Maloney. No Brasil e na América do Sul, somamos 74 mil rotarianos, contra 81 mil em 2011. Perdemos 10% do quadro associativo – menos do que os EUA e Japão, os quais perderam 20% cada.

Qual a fórmula do crescimento? Explorar os vazios geográficos do Rotary? Temos 3.500 clubes na América do Sul, mas estamos presentes em menos de mil cidades.

Fundar clubes satélites? Há vários casos de sucesso em inúmeros distritos, e parece ser essa uma alternativa à fórmula tradicional de clubes com exigências de frequência e periodicidade de reuniões.

Elevar o Rotaract? Uma injeção de ânimo parece ter tomado conta dos jovens, afinal, eles foram reconhecidos oficialmente como parceiros presentes do Rotary – não sendo mais vistos como um futuro indefinido, o que estimulava a deserção.

Talvez a fórmula seja uma mescla de todos esses caminhos apontados. Como diretor, venho liderando pelo exemplo ao comparecer e confirmar presença em 18 seminários sobre quadro associativo – organizados entre 3 de agosto e 7 de dezembro. Presença inclusive nos cinco distritos brasileiros que, por registrarem entre 1.100 e 1.200 associados, sofrem com a perspectiva de um novo redistritamento. Nossa tarefa, nesse caso, é ajudá-los de forma saudável a superar a marca de 1.300 associados até julho de 2020, evitando, assim, a “degola”.

O que valeu para a Nasa de 1969 que ainda vale para o Rotary de 2019 em nosso continente? O sentido de missão, de trabalho conjunto, de foco nos objetivos, de aceitação dos riscos e de superação dos reveses e do pessimismo. Tais serão nossas diretrizes. Não construiremos foguetes, mas conexões entre as pessoas para continuar nossa missão de fazer o bem para o mundo, para as comunidades e para nós mesmos.

* O autor é Mário César de Camargo, diretor 2019-21 do Rotary International.

mario.cesar@graficabandeirantes.com.br

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