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A volta das hortas

abr 1, 2019

Cultivadas comunitariamente, eles podem oferecer mais do que imaginamos

Um espaço foi se extinguindo sem que nos déssemos conta. O escritor carioca Lima Barreto, ao descrever os bairros e ruas do Rio de Janeiro do início do século 20, gostava de reparar nas hortas das casas, indignando-se quando não as encontrava – sinal do “abandono da terra”. Pois, naquela época, mesmo uma residência humilde podia ter seu “canteirinho com uns pés de manjericão ou alecrim”, como descreveu em um conto de 1920.

Agora, as hortas estão voltando, inclusive nas grandes cidades. O conceito, no entanto, é outro. As necessidades também são outras. Movidas pelo interesse em uma alimentação mais saudável, ou buscando uma fonte de renda extra, as pessoas estão se unindo para cultivar hortaliças e frutas nos espaços públicos ainda disponíveis. Os clubs de Rotary não ficaram indiferentes a esse desejo e, como contaremos a seguir, estão participando da ideia, que criou um espaço de encontro e humanização e até trouxe de volta o canto dos pássaros para as vizinhanças. Ruas e bairros estão ficando discretamente mais verdes e evocando, sem saber, o nosso Lima Barreto.

“Como é gostoso mexer na terra”
Projeto educacional está agregando famílias de uma periferia de São Paulo

Uma horta comunitária pode ser apenas um pretexto para um plano maior. Em janeiro de 1986, o Rotary Club de São
Paulo-Santo Amaro, SP (distrito 4420), havia criado o Crescer (Centro Rotário Educacional, Social, Cultural e Recreativo), atualmente uma unidade profissionalizante de 2.000 metros quadrados e seis salas de aula localizada no distrito paulista de Jardim São Luís. Desde então, a iniciativa tem oferecido a adolescentes de 14 a 19 anos em situação de risco social formação profissional básica em informática, relações humanas e práticas administrativas, além de os encaminhar para estágios remunerados por meio do Programa de Educação para o Trabalho. São de 400 a 600 adolescentes capacitados todos os anos.

Com o tempo, no entanto, a dinâmica do Jardim São Luís se alterou e o risco social envolvendo jovens e suas famílias se agravou. Coube ao presidente 2013-14 do clube e presidente do Crescer, Genesio Vivanco, criar um projeto que se aliasse à capacitação já oferecida: o Prato Verde Comunidade.

“Há 33 anos, você tinha ideia do que era o Jardim São Luís? [Nos últimos anos] vimos que não adiantaria só empregar esses jovens no mercado de trabalho”, conta o rotariano Roberto Barros, diretor superintendente do Crescer. “Era preciso também fazer com que eles ajudassem as famílias a mudar a percepção de valores, para que elas pudessem mudar a comunidade. É um processo lento, mas no mundo existem muitos exemplos de que isso funciona. E você tem que encontrar na comunidade o elemento ou assunto que possa interessar ao jovem, à família, à comunidade”.

Esse elemento seria uma horta comunitária, a ser desenvolvida no próprio espaço do Crescer, e que atraísse os alunos dos cursos de capacitação já desenvolvidos. Assim, graças a um Subsídio Global da Fundação Rotária com a parceria do Rotary Club de Grande Bourg, Argentina, era inaugurado o Prato Verde Comunidade em junho de 2017.

* Leia a matéria na íntegra na edição de abril da Revista Rotary Brasil (digital ou impressa).

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